Pela 1ª vez, entregadores por aplicativos paralisam atividades por 24h

Com passeatas, buzinaços e bloqueios, trabalhadores reivindicam melhores condições de trabalho e remuneração

Foto: divulgação

A greve nacional dos entregadores de alimentação por aplicativos teve início na manhã de quarta-feira, dia 1º, marcada por passeatas de motociclistas e ciclistas, buzinaços e bloqueios em centros de distribuição por diversas ruas do país.

A paralisação de 24h reivindica de aplicativos como o iFood, Uber Eats, Rappi e Loggi, melhores condições de trabalho, aumento da taxa mínima das entregas e do valor pago por quilometragem, fim de bloqueios indevidos, mais transparência no repasse de gorjetas pagas pelos clientes via apps, apoio contra acidentes, fornecimento de álcool gel e equipamentos de segurança. Os entregadores também pediram aos usuários dos apps para que não usassem os serviços de entrega de comida em apoio à greve.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, reforçou o apoio ao movimento. “A categoria tem toda a nossa solidariedade. Essa é uma greve mais do que justa contra a precarização imposta a esses trabalhadores”, afirmou.

“É absurdo, triste ver esses trabalhadores que cumprem jornadas de 12 horas por dia, sem descanso aos fins de semana, de domingo a domingo, chegar no final do mês e levar até menos de um salário mínimo para casa, sem direitos, sem proteção social, sem condições de trabalho nenhuma, sem regulamentação. Não podemos aceitar essa precarização”, ressaltou.

O dirigente destacou que a organização de trabalhadores por aplicativos, microempreendedores individuais e autônomos, foi definida como prioridade para a Central no 13º CONCUT (Congresso Nacional da CUT), realizado em outubro de 2019.

“Não podemos ignorar o crescimento desse segmento que é da classe trabalhadora e que, portanto, tem o seu lugar dentro da Central Única dos Trabalhadores. Todo o nosso apoio e solidariedade a essa paralisação”, disse.

Os entregadores eram cerca de 10,1 milhões no país e 3,4 milhões de motoristas de aplicativos no país, de acordo com dados de 2018 da PNAD/IBGE (Pesquisa Nacional por amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados em dezembro de 2019.

Pandemia

Diante da crise de desemprego e da pandemia da Covid-19, a concorrência e a demanda por entregas diante da necessidade de isolamento social aumentaram e os riscos à saúde dos entregadores também.

Apesar do aumento da demanda, os ganhos dos entregadores diminuíram, de acordo com pesquisa on-line realizada pela Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (Remir Trabalho), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). A pesquisa mostrou que 60,3% dos entregadores tiveram queda nos ganhos durante a pandemia.

Dos entrevistados, 62,3% afirmaram não ter recebido nenhum apoio da empresa para diminuir riscos de contaminação. A pesquisa foi realizada em abril e analisou 252 questionários de entregadores em 26 cidades.

Com informações da CUT