Fala Wagnão: Crimes contra a humanidade

O Brasil segue numa rapidez assustadora se aproximando dos 100 mil mortos por covid-19 ao mesmo tempo em que registra recordes de óbitos de profissionais de enfermagem pelo mesmo motivo.

Enquanto isso, o presidente Bolsonaro, que divulga a cloroquina como eficaz no tratamento da doença, medicamento sem nenhuma comprovação científica e, inclusive, distribui o tal remédio em aldeias indígenas, onde as mortes pelo vírus só aumentam, é denunciado em tribunal internacional por genocídio. Não bastasse tudo isso, temos a notícia de que os bilionários brasileiros aumentaram seu patrimônio neste período pandêmico.

Pois é companheiros e companheiras, são tempos difíceis e a cada momento uma nova notícia que nos parece mais estarrecedora. Esta semana, um levantamento do Observatório da Enfermagem, divulgou que 316 enfermeiras e enfermeiros na linha de frente da batalha, já perderam a vida lutando contra o coronavírus.

No domingo uma nova denúncia foi levada ao Tribunal Penal Internacional de Haia contra Bolsonaro. Uma coalizão de mais de 60 sindicatos e movimentos sociais, a maioria deles de profissionais de saúde, sob a liderança da Rede Sindical UniSaúde pede a condenação do presidente por genocídio. A denúncia aponta “falhas graves e mortais” na condução da crise sanitária pelo governo, e que Bolsonaro praticou crime contra a humanidade tanto por incentivar ações que aumentam o risco de proliferação do vírus quanto ao se recusar a implementar políticas de proteção para minorias. Ao menos três ações pedem investigação de sua atuação frente à pandemia do coronavírus em Haia.

Apenas para lembrar algumas atitudes irresponsáveis, desde o início da crise, ele provocou aglomerações e apareceu em público sem máscara; minimizou a gravidade do vírus, que chamou de “gripezinha”; demitiu ministros que eram profissionais da área da saúde e colocou no cargo um general sem qualquer experiência; vetou a obrigatoriedade do Governo Federal em garantir água potável aos povos indígenas; sugeriu inicialmente que o auxílio emergencial tivesse o valor de R$120, entre outros absurdos.

É impossível não atribuir esse total de mortes à irresponsabilidade do homem que ocupa a cadeira presidencial. Trata-se de um momento extremamente delicado que requer muita sabedoria na condução do país. Sabedoria que sempre soubemos e avisamos que ele não tem. Em contrapartida, a sabedoria que lhe falta sobra em descaso, desumanidade e falta de empatia, para não dizer psicopatia.

Poderíamos estar passando por isso de uma forma menos cruel e mortal, tivéssemos à frente da nação um ser humano minimamente racional. Como não temos, nos resta, mais uma vez, fazer a nossa parte que no momento é manter o isolamento social, usar máscaras, álcool em gel, compartilhar apenas notícias verdadeiras e seguir cobrando medidas eficazes do poder público.

Pra fechar o raciocínio, também podemos, na medida do possível, participar de ações solidárias. Fica aqui o chamado, aos 42 bilionários brasileiros que tiveram seu patrimônio aumentado em cerca de R$ 177 bilhões durante a pandemia. Mas duvido que eles leiam esta Tribuna. Uma pena…