“Ser cipeiro é ter a vontade de fazer algo pelas outras pessoas”

Ao longo desta semana, em comemoração ao Dia do Cipeiro (27 de julho), a Tribuna conversa com integrantes da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) em fábricas da base dos Metalúrgicos do ABC.

Foto: Adonis Guerra/SMABC

A atuação junto aos trabalhadores, ao Sindicato e à empresa, os desafios e as lutas em defesa de condições de saúde e de garantia de segurança a todos, além dos novos desafios para evitar a propagação e o contágio pelo novo coronavírus nesta pandemia são alguns dos pontos tratados pelos representantes.

Foto: divulgação

“A atuação da Cipa é muito importante para ter mais segurança, estamos sempre nos setores e se tem algum problema, já nos procuram para encaminhar o que pode ser feito. Junto com o Sindicato, acabamos fazendo a ponte entre os trabalhadores e a empresa para resolver problemas e pedir melhorias. Tem gente que vê a Cipa só como estabilidade, mas ser cipeiro é ter a vontade de fazer alguma coisa pelas outras pessoas, ajudar a ter um ambiente de trabalho melhor. Também é ajudar a conscientizar as pessoas sobre a importância da coletividade, não é só tratar a questão de acidentes de trabalho, mas também fazer a defesa dos direitos dos trabalhadores”, Erivanda Monteiro Borges, a Vanda, cipeira na Papaiz Udinese, em Diadema.

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“É de suma importância ter uma representação para fazer o debate com o olhar do trabalhador, não com o do patrão, de pôr o dedo na ferida e dizer: ‘assim não pode, tem que garantir a vida e a saúde de quem trabalha’. Tivemos avanços, a empresa deixou de ver a mão de obra somente como um número e passou a dar mais atenção às preocupações, desejos e ambições do trabalhador. Ainda temos muito a avançar para garantir mais conquistas e direitos. Deixamos de ser espectadores e passamos a também ditar o nosso futuro. A pandemia traz uma responsabilidade ainda maior no dia a dia, com a conscientização do trabalhador para que não ceda e só faça aquilo que se sinta seguro a fazer”, Fabiano Guimarães Pires, cipeiro em segundo mandato na Otis, em São Bernardo.

Foto: Adonis Guerra/SMABC

“Atuar na representação e na Cipa, na prevenção de acidentes, é ser a voz dos trabalhadores. A maioria tem medo de ser mandado embora se falar o que gostaria, e o representante pode falar e cobrar por eles. Quando tem algum problema, cobramos, batemos na mesma tecla, até ser concluído. Já alcançamos 800 dias sem acidentes, hoje estamos chegando a 600 dias. O ideal seria nunca ter nenhum acidente, atuamos para isso. Agora, além da prevenção de acidentes e segurança das máquinas, tem a pandemia. Foram muitas mudanças, até tomarem as medidas cabíveis de distanciamento, álcool gel, máscaras e divisão de horário de refeição”, Fábio Braga da Silva, cipeiro há quatro mandatos e CSE na Marcolar, em Ribeirão Pires.

Foto: Adonis Guerra/SMABC

“O papel do cipeiro é bastante importante na defesa de melhorias nas condições de trabalho, buscando sempre ouvir os trabalhadores para tomar medidas que evitem os acidentes. A pandemia é uma experiência nova para todo mundo, mas buscamos alternativas junto a empresa para amenizar o contágio da Covid-19, com medidas para garantir o distanciamento, com dois turnos para evitar muitas pessoas no mesmo horário, mudanças no restaurante, limpeza diária dos postos de trabalho, ônibus com metade da capacidade. A Cipa tem papel importantíssimo de sugerir e fiscalizar os procedimentos, além de conscientizar os trabalhadores quanto a necessidade de preservar a sua vida e a de seus semelhantes”, Claudio Roberto Ribal, CSE e vice-presidente da Cipa na Scania, em São Bernardo.