Economia em queda livre

Na semana passada foi divulgada a queda recorde do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2020, com retração de 9,7% em relação ao primeiro trimestre. Quando comparado ao mesmo período de 2019, a queda foi de 11,4%.

Beneficiado pela recuperação mais rápida da economia chinesa, a agropecuária brasileira foi o único setor com desempenho positivo (1,2%), e todos os outros indicadores negativaram: indústria (-12,3%), serviços (-9,7%), investimentos (-5,4%), consumo das famílias (-12,5) e consumo do governo (-8,8%), apresentaram quedas significativas em relação a igual período de 2019. O resultado era em parte esperado, pois foi o período de maior adesão às medidas de isolamento social em função da Covid-19, o que causou uma intensa crise de oferta e demanda.

Mas o problema é ainda maior, dada a incapacidade do governo federal, que nem coordenou o enfrentamento sanitário da pandemia, nem apresenta um plano de retomada da economia, insistindo em acreditar na mágica das “reformas” que não trazem qualquer investimento.  Não fosse o auxílio emergencial proposto e aprovado pelo Congresso, e agora reduzido pela metade por iniciativa do governo, e a queda seria ainda mais profunda.

O drama ganha ainda maior gravidade quando sabemos que cerca de 700 mil empresas encerraram suas atividades até junho, sem qualquer apoio governamental a não ser oferta de crédito que jamais poderiam pagar, conforma dados da pesquisa Pulso Empresa, divulgada pelo IBGE. Isso significa o corte de uma quantidade ainda maior de empregos com carteira assinada, reduzindo o consumo das famílias, o outro grande motor da economia brasileira.

Para que acontecesse uma recuperação em V, forte e rápida, como afirma Paulo Guedes para acalentar o “mercado”, teríamos que contar com estímulos ao investimento e ao poder de compra da população brasileira, o que não temos. Teríamos que contar com um plano de retomada consistente, o que não temos. Teríamos que combater as possibilidades de uma segunda onda de contaminação, quando sequer saímos da primeira, já com 130 mil cidadãos brasileiros mortos pela atuação desastrosa do atual desgoverno. Teríamos que contar com um governo efetivo e voltado ao desenvolvimento do país, o que não temos.

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