Juros no Brasil: o descontrole que se mantém
Na semana passada, o COPOM (Comitê de Política Monetária do governo federal) decidiu manter a taxa básica de juros, conhecida como SELIC, em 2% ao ano, o menor índice da sua história. Ao ver esse tipo de notícia, o trabalhador certamente se pergunta: “quando é que eu vou ser beneficiado por essa tal redução histórica, pra poder baixar as minhas dívidas?”
O problema é que a diferença entre a Selic e as taxas de juros operadas pelos bancos comerciais, com cartão de crédito e cheque especial, por exemplo, é gigantesca, podendo chegar a 800% e 360% ao ano, respectivamente. Esse descompasso entre a taxa básica de juros da nossa economia e os juros de fato praticados pelos bancos comerciais significa uma imensa sangria de recursos das famílias brasileiras, que alarga os já extraordinários lucros do sistema financeiro e impede a retomada da nossa economia.
Num cenário de pandemia e forte recessão econômica, o acesso ao crédito é fundamental para a recuperação da atividade econômica do país, nesse caso incluindo também as pequenas e médias empresas, que precisam urgentemente acessar linhas para capital de giro, oferecidas no mercado bancário com taxas que podem chegar a quase 300% ao ano.
A cobrança de juros extorsivos pelos bancos comerciais, além de injustificada no contexto presente, significa carregarmos para um tempo muito distante o forte impacto da pandemia sobre a economia brasileira. Já passou da hora de termos um debate efetivo sobre o papel desastroso do sistema financeiro no Brasil, deprimindo e não construindo a retomada da nossa economia.
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