Setor automobilístico tem dificuldades para vender ao vizinho
Principal preocupação, hoje, é sobre uma resolução do governo argentino que poderá limitar a entrada de veículos estrangeiros até o fim deste ano
A indústria automobilística enfrenta cada vez mais dificuldades para exportar à Argentina. Segundo fontes do setor, a principal preocupação, hoje, refere-se a uma resolução do governo argentino de limitar a entrada de veículos estrangeiros até o fim deste ano. Essa limitação não foi formalizada. Mas integrantes da equipe econômica do governo do presidente Alberto Fernández avisaram os dirigentes das montadoras que a ideia é limitar em 90 mil o número de veículos fabricados em outros países que poderiam entrar no mercado argentino entre julho e dezembro.
O Brasil é a origem de 60% dos veículos importados pelos argentinos. Acontece que somente nos dois primeiros meses do segundo semestre já foram enviados ao país vizinho 33,4 mil veículos. Isso significa que as fábricas brasileiras teriam direito a vender no mercado argentino pouco mais de 26 mil unidades nos últimos quatro meses do ano.
Trata-se de um volume baixo, levando em conta que a Argentina é o principal destino das exportações da indústria automobilística. Há um ano, o setor embarcava para o mercado vizinho, em média, 13 mil a 15 mil unidades por mês. Com a pandemia, o volume caiu à metade, mas voltou a subir em julho e agosto.
Brasil e Argentina renovaram, há um ano, um acordo de intercâmbio comercial no setor automotivo, que permite ao Brasil exportar o equivalente a US$ 1,5 para cada U$ 1 importado do país vizinho. Mas, aliada à crise provocada pela pandemia, a queda nas reservas leva o governo de Alberto Fernández a frear a entrada de produtos de maior valor agregado. Apesar dos problemas que se arrastam desde o ano passado, a Argentina continua a ser o maior destino das exportações de veículos produzidos no Brasil, com fatia de 54% dos embarques totais.
Do Valor Econômico