Vacina e políticas de crescimento

Há motivos para dizer que o anúncio de uma vacina segura contra o coronavírus está cada vez mais próximo.

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Ainda sem aprovação de aplicação pela Anvisa, o Instituto Butantan recebeu as primeiras doses da vacina chinesa, a Sinovac, e a vacina da farmacêutica americana Pfizer apresentou resultados de segurança com índice de 95% de proteção.

No Brasil, a doença vai deixar um rastro de destruição e perdas. São quase 170 mil vidas perdidas, 6 milhões de infectados. Cerca de 700 mil empresas que encerraram suas atividades só no primeiro semestre. Temos ainda quase 14 milhões de desempregados e uma economia que deve despencar mais de 5% neste ano.

O cenário pós-pandemia exige medidas contundentes por parte da equipe econômica do governo. Um amplo programa de investimento em infraestrutura poderia ativar a economia, gerar empregos e reativar a combalida indústria brasileira.

A despeito das dificuldades fiscais para viabilizar um programa com essa finalidade, falta ao Brasil um governo capaz romper com as políticas neoliberais.

Mesmo com todos os gastos para combater a pandemia, o que elevará a dívida pública do país de 89,5% em 2019 para quase 100% do PIB em 2020, vivemos um momento muito ruim. Portanto, caberia um ajuste para aumentar nossa capacidade de investimento. Os Estados Unidos, por exemplo, devem fechar 2020 com uma dívida de 131% do PIB, enquanto no Japão essa relação passa dos 200%.

Para citar um exemplo, as grandes obras de infraestrutura demandam um significativo volume de caminhões e equipamentos da linha amarela, contudo, as retroescavadeiras, que têm produção no país, são preteridas por modelos importados e financiadas com recursos do BNDES.

Por si só o fim da pandemia não vai devolver ao país toda sua capacidade de crescimento, a retomada de uma política estruturante para a produção nacional precisa voltar ao centro do debate.

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