Há 110 anos acontecia a Revolta da Chibata
A cidade do Rio de Janeiro acordou assustada na manhã do dia 23 de novembro de 1910 com quatro navios estacionados na Baía de Guanabara apontando seus canhões em direção à cidade.

Estava em curso a revolta dos marinheiros, iniciada na noite de 22 de novembro, que ficou conhecida posteriormente como a “Revolta da Chibata”, liderada pelo marinheiro de 30 anos João Cândido, o almirante negro.
A principal reivindicação dos 2.300 marinheiros amotinados era pôr fim aos castigos físicos aos quais eram submetidos, entre eles, as chibatadas. Mais de 20 anos tinham se passado desde o fim da escravidão, mas os marinheiros, tal qual acontecia com os escravos, continuavam a ser tratados de forma semelhante. Vale lembrar que 90% dos marinheiros naquele período eram negros.
As denúncias de maus tratos sofridos pelos marinheiros sensibilizaram uma parte da imprensa e mesmo de alguns políticos de grande influência como Ruy Barbosa, que chegou a comparar a luta pelo fim das chibatadas, na Primeira República, com a luta pelo fim da escravidão, no Império. A rebelião terminou no dia 26 de novembro com a rendição dos marujos após serem anistiados. Dois dias depois, foram todos expulsos da Marinha.
Para o historiador Álvaro Pereira do Nascimento, autor do livro “João Candido, o Mestre-Sala dos Mares”, a Revolta da Chibata “foi um sinal inequívoco de que o racismo continuou estruturando a sociedade brasileira mesmo depois da abolição da escravidão”. Infelizmente os episódios recentes só reforçam essa afirmação.
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