Comissão de Igualdade Racial do Sindicato e AMA-ABC assinam boicote ao Carrefour

Integrantes de movimentos sociais realizaram protesto em loja em São Bernardo contra o racismo e assassinato de Beto Freitas

Foto: Divulgação

No último sábado, 5, um grupo de manifestantes realizou ato dentro do Carrefour Demarchi, em São Bernardo, com faixas e cartazes com dizeres ‘Parem de nos matar’, ‘Justiça por Beto’ e ‘Pelo fim do genocídio do povo preto’. A ação foi em protesto ao assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro espancado até a morte por dois seguranças em uma loja da rede em Porto Alegre, em 19 de novembro.

Os organizadores do ato também formularam um manifesto convocando a população da região a boicotar a empresa. O texto destaca que a morte de Freitas está ligada ao racismo, já que uma pessoa branca não teria sido tratada daquela forma. “Uma pessoa branca, teria outro tratamento, pois a sociedade não vê pessoas brancas como ‘perigosas’ ou ‘suspeitas’”, reforça o documento.

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O coordenador da Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo dos Metalúrgicos do ABC, uma das entidades que assina a manifesto, Carlos Alberto Queiroz Rita, o Somália, destacou que é preciso união para combater essas atrocidades.  “Esse ato demonstra como o povo negro está organizado e unido contra essas atrocidades. Quantos ‘Betos’ são assassinados todos os dias simplesmente pelo fato de serem negros e não sabemos porque não é filmado? Estão matando o povo negro e nós precisamos intensificar ainda mais essas lutas contra qualquer tipo de racismo”.

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O dirigente também acusou o governo Bolsonaro de incentivar atitudes racistas e lembrou que é preciso ocupar os espaços de discussão. “Temos um governo que não apresenta nenhum tipo de punição ou se manifesta contra essas atitudes. Precisamos nos organizar ainda mais, ocupar os espaços de poder e negociação com pessoas que combatem o racismo e querem contribuir para reparar essa dívida histórica”.

Assinaturas

Também assinaram o manifesto a AMA-ABC (Associação dos Metalúrgicos Aposentados do ABC), vereadora Ana Nice, deputado estadual Teonílio Barba e deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, todos do PT, MNU (Movimento Negro Unificado), Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, Sindiserv/SBC (Sindicato dos Servidores Públicos), Comissão PMMR (Projeto Meninos e Meninas de Rua de São Bernardo), Congada do Pq. São Bernardo, Posse Hausa, Quilombo Dandara, Uneafro, Coletivo Afro RGS, Entregadores Anti Fascistas, Kilombagem, MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), MNMMR (Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua), MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas), APNs (Agentes da Pastoral Negra), ABC Anti Fascista, Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André/Mauá, Fórum Benedita da Silva, Secretaria de Combate ao Racismo do PT, Rosa Negra Ação Direta e Futebol, Quilombo Invisível, Luta Popular, Coletivo Minervino de Oliveira.

Agressão em 2018

Em outubro de 2018, Luis Carlos Gomes, morador de São Bernardo, negro e deficiente, foi agredido por seguranças do estabelecimento no Carrefour Demarchi, ao consumir uma lata de cerveja na loja. Mesmo não se negando a pagar, ele foi espancado e ameaçado de morte.