A indústria automotiva e o governo paulista: o longo desencontro
Estudo da Fundação Seade da última semana mostrou a perda de centralidade do Estado de São Paulo na participação industrial da produção automotiva, com uma queda de 75% em 1990 para apenas 40% em 2020, uma perda de 35 pontos percentuais ao longo de 30 anos.
A queda se explica fortemente pela redução verificada na região do Grande ABC, cujo valor de transformação industrial caiu para apenas 23% em 2017, último registro oficial.
Esse processo seria positivo e virtuoso, caso estivéssemos em processo de expansão da atividade industrial, como foi o caso especialmente no período 2003/2014. Todavia, a crise institucional e econômica verificada a partir de 2015 derrubou a produção industrial do país de forma extremamente grave e, portanto, falamos de uma participação menor, seja do ABC ou do Estado de São Paulo, calculada sobre uma base menor de produção de veículos e seus componentes.
O IncentivAuto, programa lançado pelo governo estadual em 2019, não teve efeitos, a não ser aplacar as ameaças da General Motors de fechamento de sua fábrica em São Caetano do Sul. O programa de fortalecimento dos “polos de desenvolvimento”, anunciado pelo governo paulista com toda pompa em maio de 2019, incluindo o setor automotivo no Grande ABC, não tem medidas definidas até hoje.
A perda de vitalidade e o desemprego na indústria são um fenômeno nacional, a partir de 2015, mas o centro da crise está no território paulista. Ou temos uma política automotiva digna de seu nome, ou esse processo de decadência da economia paulista seguirá ainda por um bom tempo. O cenário exige do governo estadual uma atuação contundente e urgente!
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