Corte na emissão de CO2 une montadoras e cientistas na Europa
Em iniciativa inédita, fabricantes de caminhões assinam um plano para descarbonizar o setor em sintonia com a ciência
Com o compromisso europeu de descarbonizar a economia da região até 2050, todos os novos caminhões vendidos devem estar livres de combustíveis fósseis até 2040. Pela primeira vez, os fabricantes fixam sua própria meta para tornar o setor neutro em carbono e iniciam um plano em sintonia com a ciência. Para que seja cumprido, contudo, é preciso que os governos europeus invistam em uma grande estrutura de carregamento e reabastecimento de combustíveis limpos em todo o continente, desenhem políticas públicas e estabeleçam um preço para a tonelada de CO2 emitida que seja capaz de estimular a transição.
Esta rota para a neutralidade de carbono dos fabricantes de caminhões europeus foi selada esta semana em iniciativa inédita entre indústria e a ciência. CEOs das sete fabricantes de caminhões que atuam na Europa – Scania, Volvo, Daimler, Ford, Iveco, MAN e DAF – e a entidade que representa os 16 principais fabricantes de automóveis, vans, caminhões e ônibus da União Europeia, a Automobile Manufacturers Association (ACEA), assinaram uma declaração conjunta com um dos mais renomados institutos de ciência climática do mundo, o Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK).
Os fabricantes dizem que a parte fácil do quebra-cabeças é construir as estações de recarga. “Trata-se de equipar rodovias em toda a Europa, de Londres a Paris, de Berlim a Madri, de Madri a Roma”, diz Rockström. “A iniciativa falhará se os governos não indicarem o caminho com políticas”. Segundo os fabricantes e os pesquisadores, um sistema sólido de preços ao carbono é um instrumento eficaz e necessário. Veículos com emissão zero não conseguirão decolar no mercado enquanto o diesel continuar barato.
O preço do carbono deve aumentar muito para que o setor consiga fazer a transição. A indústria pede ainda a inclusão no mercado de carbono europeu e taxas rodoviárias com base nas emissões de CO2. “Este é o início de um longo processo”, diz Rockström. O que está em estudo agora é como a transição influencia a competitividade das empresas, quais são as políticas necessárias para ter sucesso, qual a infraestrutura que os investimentos necessitam, elenca.
Do Valor Econômico