O abandono da Ford e a tragédia do desgoverno
A Ford iniciou suas operações no Brasil em 1919, e no ano do seu centenário no país, em 2019, anunciou o fechamento da planta de São Bernardo do Campo, sua mais antiga unidade. Pouco mais de um ano depois, a empresa anuncia o encerramento das suas atividades industriais no país, fechando as fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE).
Somadas as quatro unidades, a Ford elimina cerca de 7,8 mil empregos diretos, (2,8 mil em SBC e 5 mil nas três fábricas atuais). Cada emprego fechado na Ford trará impactos na cadeia de fornecimento automotiva, assim como nos setores de serviços e comércio. A pergunta que se faz é: por que a Ford tomou essa decisão?
A resposta tem muitas variáveis, sistematicamente debatidas por esse Sindicato, passando pela reestruturação global da indústria automotiva, o movimento do setor rumo à eletrificação e conectividade automotiva, a crise econômica e implosão do mercado interno brasileiro, mas sobretudo, passa pela absoluta ausência de uma política de desenvolvimento econômico e industrial no país.
Logo no início de 2019, quando ainda se instalava o atual governo federal, o secretário de produtividade, emprego e competitividade vinculado ao ministro Paulo Guedes declarou sobre os questionamentos das empresas e dos trabalhadores a respeito do tema: “Se precisar fechar, fecha’. Com um desgoverno desse tipo, não surpreende o desastre econômico e sanitário que vivemos.
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