70 mil motoristas da Uber do Reino Unido terão direitos como férias e aposentadoria

Empresa foi obrigada a garantir direitos aos trabalhadores pela Suprema Corte britânica

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Após decisão da Suprema Corte do Reino Unido de que motorista de aplicativo é trabalhador e não autônomo ou colaborador e, portanto, devem receber os benefícios trabalhistas correspondentes, a Uber foi obrigada a conceder aos cerca de 70 mil motoristas direitos de trabalhadores formais.

Entre esses direitos estão um salário mínimo, pagamento de férias equivalente a 12,07% dos rendimentos e registro automático em um esquema de aposentadoria ligado à empresa. A Uber disse que os condutores receberão seus benefícios a partir desta quarta-feira (17).

A decisão da Justiça vale para os motoristas da Uber que atuam na região, formada por países como Inglaterra, Escócia e País de Gales. Os motoristas que entregam comida pelo Uber Eats continuam classificados como autônomos, ou seja, sem direitos.

A Suprema Corte do Reino Unido atendeu pedido de um grupo de 35 motoristas da Uber que contestaram sua situação de autônomos em 2016. Eles afirmavam que a empresa exercia um controle dominante sobre eles no modo como alocava viagens e definia tarifas.

A mudança, no entanto, poderá fazer pouca diferença nos ganhos principais dos motoristas. Isso porque a Uber garantirá que eles recebam pelo menos o salário mínimo oficial pelo tempo em que estiverem realizando corridas, mas não incluirá o tempo em que não estiverem atendendo clientes.

A Uber disse que não seria possível pagar aos motoristas o salário mínimo oficial do Reino Unido – que subirá para 8,91 libras (cerca de R$ 70) por hora em 1º de abril – por todo o tempo que ficam online, a menos que estabelecessem regras rígidas ou reduzissem o número de motoristas.

A empresa afirma que os motoristas em Londres ganharam, em média, 17 libras por hora (cerca de R$ 132) no mês passado, já descontada a parcela dos ganhos que fica com a empresa. Diz ainda que a Uber não sabe dizer quantos motoristas também se conectam a aplicativos concorrentes enquanto esperam por um pedido de viagem.

A atitude da Uber em relação ao horário de trabalho deverá ser contestada por grupos de direitos dos trabalhadores, como ocorreu na Califórnia (EUA), onde estudos do tempo “ocupado” mostraram que o motorista da Uber passa 1/3 do tempo à procura de clientes.

A Uber não divulgou a estimativa de custos com o novo modelo de contrato com seus motoristas no Reino Unido, mas disse que isso não afetaria seu objetivo declarado anteriormente de divulgar resultados positivos ao fim deste ano.

Da CUT Nacional