“Decisão do STF traz esperança na justiça, que tem como seu principal valor a imparcialidade”

Presidente dos Metalúrgicos do ABC comenta suspeição de Sergio Moro no julgamento do ex-presidente Lula

Foto: Divulgação

Para a maioria dos ministros da 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) o ex-juiz Sergio Moro foi parcial ao julgar o caso do triplex do Guarujá, envolvendo o ex-presidente Lula. Em votação na última terça-feira, 23, por 3 votos a 2, o colegiado julgou procedente um habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente. Com a decisão, ficam anulados todos os atos de Moro no processo.

O ministro Gilmar Mendes, presidente da 2ª Turma, destacou que as mensagens trocadas entre o ex-juiz e os procuradores da Operação Lava Jato demonstram “intenções espúrias da força-tarefa” da Lava Jato em Curitiba, comandada por Deltan Dallagnol, e apontam um “conúbio vergonhoso que se estabeleceu entre a mídia e os procuradores e o juiz”. Para ele, a operação protagonizou “o maior escândalo judicial da história brasileira”.

Lambança

O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, comentou a decisão. “A suspeição do ex-juiz Moro nos enche de esperança e não estou falando de esperança eleitoral porque reabre a possibilidade da candidatura de Lula à presidência em 2022. Estou falando de esperança no sentido de justiça, que tem como seu principal valor a imparcialidade”.

“Não podemos aceitar, independentemente se você considera Lula culpado ou inocente, que os métodos para julgá-lo sejam através de um crime, de uma trapaça, de uma lambança jurídica”, reforçou.

“Não podemos admitir que isso acabe virando referência para você, para mim, para um parente seu, um amigo. Um juiz não pode, de forma alguma, atuar como acusador.”

O presidente destacou ainda que um oficial de todos nos níveis da justiça tem que ser exemplo em seguir a lei, não pode acusar quem quer que seja de acordo com seus princípios e ideologias.

“A esperança e a vitória que eu digo é a vitória da justiça no seu mais pleno conceito, de preservação da lei e dos nossos direitos e deveres, é a partir dessa perspectiva que comemoro essa decisão, enquanto cidadão brasileiro.”

“Com a decisão, foi passado um pito naqueles juízes que se achavam mais importantes do que Deus com o direito de julgar ao seu bel prazer”, finalizou.

Cronologia

A 2ª Turma iniciou a análise da suspeição de Moro em novembro de 2018, antes de virem à tona os diálogos entre Moro e a força-tarefa da Lava Jato. Naquela ocasião, após os votos dos ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia contra o reconhecimento do HC, Gilmar Mendes pediu vista e adiou até este ano a sequência do julgamento.

No dia 9 de março deste ano Gilmar e Ricardo Lewandowski votaram a favor do HC. A análise do caso foi retomada na última terça-feira, 23, após pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, que se manifestou contra o reconhecimento da suspeição. Nessa última votação, Cármen Lúcia, decidiu mudar o seu voto e decidiu pela suspeição de Moro.