As esperanças vindas do Chile

Desde 18 de outubro de 2019, o Chile foi acometido por uma série de protestos populares que em poucos dias se transformou na maior convulsão social vivida por aquele país desde o fim ditadura do general Pinochet (1973-1990).

Foto: Divulgação

Até o início da pandemia, os movimentos sociais de diferentes origens e trajetórias ocuparam as ruas das principais cidades do país todos os dias reivindicando eleições para uma nova Constituinte com objetivo de elaborar uma nova Carta Magna e pôr fim aos resquícios da ditadura presentes na Constituição em vigor desde 1980.

Os chamados “independentes”, sem partido, somados às lideranças comunitárias e à esquerda totalizaram 63,2% dos eleitos (88 de um total de 155 cadeiras). A direita foi a grande derrotada obtendo menos de um terço dos eleitos. A esquerda partidária não teve a votação esperada, mas elegeu a comunista Iraci Hassler como prefeita de Santiago e reelegeu para a prefeitura de Recoleta pela terceira vez Daniel Jadue, também membro do Partido Comunista do Chile, e nome forte para as eleições presidenciáveis em novembro próximo.

Os independentes compartilham a agenda de mudanças da esquerda com ênfase nas pautas sociais como educação, saúde e previdência pública e de qualidade, além da defesa do meio ambiente e das pautas identitárias que foram uma das marcas das grandes manifestações de rua.

Três pontos inovadores das eleições chilenas foram a paridade de gênero, serão 77 mulheres e 78 homens; cota reservada aos povos originários que ocuparão 17 cadeiras e a lista de independentes. Os olhos do mundo estarão voltados para o Chile, que pode ser o maior laboratório político da esquerda latino-americana no próximo período. Como disse a prefeita eleita de Santiago: “nunca mais permitiremos a volta do neoliberalismo que mercantilizou todas as esferas das nossas vidas no Chile”.

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