Brasil perde um dos maiores símbolos da luta pela reforma agrária
Manoel da Conceição faleceu na última quarta-feira, 18, aos 86 anos no município de Imperatriz, no Maranhão.

A história de Manoel da Conceição se confunde com luta pela reforma agrária desde os anos 1960 no Brasil, tornando-se um símbolo de resistência dos camponeses e dos povos das florestas contra a opressão.
Na década de 1960 participou de um projeto de alfabetização de adultos a partir do Método Paulo Freire depois de participar de um curso promovido pelo MEB (Movimento de Educação de Base) ligado a Paulo Freire. Em 1963 fundou e se tornou presidente do primeiro Sindicato de Trabalhadores Rurais do Maranhão. Nesse período, sua família e seus vizinhos foram vítimas da truculência dos latifundiários contra os pequenos produtores rurais que tiveram suas terras tomadas.
A repressão aos camponeses se agravou com a ditadura militar e Manoel da Conceição se engajou de corpo e alma na luta em defesa dos camponeses e dos trabalhadores rurais. Em decorrência de um tiro que atingiu um dos pés num confronto com fazendeiros, teve uma perna amputada. Foi perseguido, preso durante três anos e torturado pela ditadura militar. Foi libertado em 1975 e exilou-se em Genebra, na Suíça, com o apoio da Anistia Internacional.
De volta ao Brasil, em 1979, Manoel da Conceição participou da primeira Direção Nacional do PT tornando-se responsável pela Secretaria Agrária do partido. Em 1983 também esteve presente na fundação da CUT. Manoel da Conceição, apesar da idade e da saúde frágil, permaneceu um militante ativo na defesa do campo e do meio ambiente até ser hospitalizado no final de julho passado. A incansável disposição de luta de Manoel da Conceição é um exemplo que nos convida a “esperançar”, nos termos que Paulo Freire atribuía a esse verbo: sonhar e transformar a realidade ao mesmo tempo.
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