Trabalhadoras na Mercedes discutem assédio no local de trabalho

As companheiras na área de motores na Mercedes, em São Bernardo, se reuniram na última segunda-feira, 4, para debater o assédio no local de trabalho. Hoje a conversa promovida pela CSE na montadora e integrante do Coletivo das Metalúrgicas do ABC, Cristina Aparecida Neves, a Cris, será com as trabalhadoras na área de ônibus. A atividade integra a programação do ‘Outubro Rosa’.

Foto: Divulgação

A CSE explicou que a demanda partiu das próprias trabalhadoras, que sentiram a necessidade de discutir o tema para coibir situações de assédio que vêm acontecendo na fábrica.

“A Mercedes está finalizando um processo seletivo com a efetivação de diversas mulheres, para acolher melhor essas novas companheiras percebemos que era necessário conversar mais detalhadamente sobre o assunto. Por mais que alguns homens achem que um comentário ou brincadeira não é assédio, quem determina isso é a vítima”, ressaltou.

Segundo a CSE, durante a conversa as companheiras relatam dificuldade em falar sobre o assunto por receio de perder o emprego ou criar uma situação ainda mais desconfortável no ambiente de trabalho. “Se a mulher não consegue falar sobre isso, acaba ficando com sentimento de impotência, vergonha e humilhação, o que pode evoluir para um quadro de ansiedade. Só conseguiremos melhorar essa questão com uma ação coletiva, ‘mexeu com uma mexeu com todas”, reforçou.

“Esse tipo de atividade tem que ser realizada em todas as fábricas onde ocorrem casos semelhantes. Precisamos acabar com a cultura do assédio para que as mulheres sejam livres para trabalhar em paz”, completou.

Foto: Divulgação

Procure a representante

Cris lembrou ainda que está à disposição para conversar com todas as companheiras que passarem por esse tipo de situação na fábrica e que nenhum constrangimento do tipo deve ser escondido ou relativizado.

Cartilha

As questões colocadas pelas companheiras foram levadas à direção da empresa, que se prontificou a desenvolver uma cartilha direcionada aos homens na fábrica com o intuito de coibir qualquer forma de assédio.

O que é assédio sexual?

Manifestação sensual ou sexual, alheia à vontade da pessoa a quem se dirige. Ou seja, abordagens grosseiras, ofensas e propostas inadequadas que constrangem, humilham, amedrontam. É essencial que qualquer investida sexual tenha o consentimento da outra parte, o que não acontece quando uma mulher leva uma cantada

Porque devemos denunciar o assédio?

Dizer não ao assédio é não aceitar mais que mulheres sejam vistas como objetos sexuais passivos ou como vítimas frágeis do poder dos homens. Dizer não ao assédio é afirmar que as mulheres podem e devem ter controle sobre a própria sexualidade. É mostrar que podemos igualar a voz e o poder da mulher na sociedade, é não submeter as mulheres aos papéis sociais tradicionais.

A raiz do problema

O que está por trás do assédio não é uma vontade de fazer um elogio. Na verdade, esse comportamento é principalmente uma tentativa de demonstrar poder e intimidar a mulher. E pode acontecer com qualquer tipo de mulher, independente da roupa que ela usa, do local onde ela está, da sua aparência física ou do seu comportamento. Ou seja, a culpa e a responsabilidade pelo assédio é sempre do assediador.

Fonte: thinkolga.com