Metalúrgicas arrecadam absorventes para distribuir a mulheres em situação de vulnerabilidade
Enquanto a oposição tenta derrubar veto de Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes, ações de solidariedade se espalham pelo país para combater a pobreza menstrual
O Congresso Nacional quer derrubar o veto de Bolsonaro à distribuição de absorventes íntimos a meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade, que chocou parte da sociedade na semana passada. O projeto da deputada federal Marília Arraes (PT-PE) havia sido aprovado por unanimidade na Câmara e no Senado.
A ação do presidente mobilizou diversas arrecadações para doação de absorventes pelo país. Antes disso, no início do mês, a Comissão das Metalúrgicas do ABC já anunciava sua campanha “Outubro Rosa Solidário” que tem como foco a preocupação com a saúde íntima das mulheres.
Ao longo deste mês, além de absorventes íntimos, serão arrecadados produtos de higiene como sabonete, desodorante, shampoo, condicionador, escova e pasta de dentes e lenços umedecidos para doar às Casas Abrigos e mulheres em dificuldades financeiras na região do ABC.
“Precisamos estar unidas neste momento e pensar naquelas que não têm absorventes para passar pelo período menstrual. São mulheres que estão nas ruas ou que não têm condições de comprar, devido à alta do desemprego e da inflação. A higiene íntima é fundamental para preservar a saúde da mulher. Absorvente não é luxo, é item de primeira necessidade. Se o presidente não tem empatia, nós temos e vamos doar”, declarou a integrante do Comissão, a CSE na Arteb, Maria José Calixta da Silva.
Como doar
Para fazer sua doação, procure a representação sindical ou leve os produtos até a recepção do Sindicato ou das regionais. Mais informações: 4128-4203.
Projeto vetado
O projeto de lei que prevê a distribuição gratuita de absorventes íntimos para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade, inclui também estudantes de baixa renda da rede pública e mulheres presas. Em razão da precariedade do sistema carcerário, elas precisam usar itens como miolo de pão e jornal durante o período menstrual.
A medida fazia parte do projeto de lei que cria o “programa de proteção e promoção da saúde menstrual”. Como justificativa para o veto, Bolsonaro afirmou que o texto não descreve a fonte de custeio para a distribuição dos absorventes.
No entanto, a proposta prevê que o dinheiro teria como origem os recursos destinados pela União ao SUS (Sistema Único de Saúde) e do Fundo Penitenciário Nacional, no caso de mulheres encarceradas.
Pobreza menstrual
Segundo o Unicef, pobreza menstrual é a situação vivenciada por meninas e mulheres devido à falta de acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento para que tenham plena capacidade de cuidar da sua menstruação.
No Brasil, 25% das meninas entre 12 e 19 anos deixaram de ir à aula alguma vez por não ter absorventes, de acordo com dados da ONU (Organização das Nações Unidas).