Ou mudamos ou ficamos à deriva
Confira o artigo sobre Ferramentaria escrito pelo coordenador da representação na Volks, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho.
Cada vez mais estamos na dependência de produtos que deveriam ser produzidos aqui e que, infelizmente, são importados. A pandemia do coronavírus aflorou a perigosa dependência de produtos industrializados pela China e o assustador crescimento da presença destes nos mais diversos setores, inclusive na agricultura e comércio.
Um dos grandes problemas foi a abertura do mercado internacional, nos anos 1990, e a grande onda da globalização que afetou seriamente um importante setor industrial, a ferramentaria.
Esse setor é transversal a todas as áreas industriais, com presença na produção de um simples clipe até os mais sofisticados grampos cirúrgicos. De um mero controle remoto até um preciso equipamento eletrônico ou semicondutores. Cerca de 92% dos componentes de um veículo motorizado são fabricados a partir de um molde ou matriz.
A indústria do ferramental é estratégica para o desenvolvimento de qualquer país. Ela traz produtividade, volume, qualidade para os bens produzidos e gera emprego e renda de alto valor. Ela permite que o país seja autossuficiente tecnologicamente, garantindo o domínio do conhecimento (know-how), da inovação e da evolução.
Perdemos tempo em avançar nessa indústria? Com certeza. Deixamos grandes oportunidades de negócio passarem à margem? Sem dúvida. É tarde para reagir? Absolutamente não.
Nunca é tarde para recomeçar uma história de sucesso. O Brasil já foi exportador de ferramentais nos idos dos anos 1960 e 1970. E o que precisa ser feito? Inicialmente é necessário articular uma política robusta, tripartite com representantes dos trabalhadores, governos e empresários. É preciso trazer a academia para fomentar pesquisa, desenvolvimento e inovação. É imperativo pensar à frente, analisando o passado, considerando o presente e visualizando o futuro.
É mandatório consolidar o entendimento de que a ferramentaria, além de ser importante, é estratégica para a indústria e para o crescimento do Brasil.
Devemos ver o produto final sendo produzido com conteúdo nacional, gerando empregos de qualidade e melhor renda aos trabalhadores do setor, além de gerar resultados positivos aos investidores.
Em resumo, é urgente reunir essa cadeia para, a partir do alto valor agregado, enriquecer economicamente tanto as regiões produtivas específicas quanto o país como um todo.
Se estamos pensando em uma nação forte, precisamos pensar em uma indústria forte. E, para retomar o rumo do barco e não ficar à deriva, devemos mudar já.