Política implementada desde o golpe faz preço do combustível disparar

Hoje o barril de petróleo custa US$ 113,89, e o preço médio do litro de gasolina na bomba é de R$7,50. Em 2008, o barril custava U$ 146,08 e a gasolina R$ 2,50. Erro está na política de preços adotada desde 2016

O novo aumento nos combustíveis e no gás de cozinha anunciado pela Petrobras na última sexta-feira, 11, fez muita gente correr para abastecer e tentar garantir um novo botijão antes do repasse ao consumidor final. Essa é a segunda alta só neste ano, a última havia sido em 11 de janeiro. No caso da gasolina, o reajuste para as distribuidoras foi de 18,8% com preço médio a R$ 7,50 o litro nas bombas. O diesel subiu 25% e o gás de cozinha 16%.

De acordo com o Dieese, desde a implementação do PPI (Preço de Paridade de Importação) em outubro de 2016, por Michel Temer, já houve 157% de reajuste nos combustíveis. Só no governo Bolsonaro foram 155%.

A atual política de preço, adotada no pós golpe, atrela o preço dos combustíveis brasileiros ao preço do barril do petróleo no mercado internacional. Essa dolarização explica, por exemplo, porque em 2008, auge da crise mundial, no segundo mandato do ex-presidente Lula, o barril do petróleo custava U$ 146 e o litro de gasolina se mantinha em apenas R$ 2,50. Hoje o barril custa US$ 113,89, e o preço médio do litro de gasolina na bomba é de R$7,50.

“A culpa não é da Petrobras, nem da guerra entre Rússia e Ucrânia, nem do ICMS, o responsável por essa alta exorbitante é o governo que mantém a política de preço estabelecida desde que tiraram a presidenta Dilma, que baseia o preço do petróleo no preço do dólar”, alertou o presidente do Sindicato, Moisés Selerges.

Impacto não é só na bomba

Moisés destacou ainda que o impacto não é sentido pelos consumidores só na bomba, mas no custo do frete, do transporte, da alimentação e na indústria de derivados de petróleo em geral.

“Aqui na nossa região, seja no mercado, seja nos postos de combustíveis, já sentimos o impacto. Os aumentos não refletem apenas no abastecimento. Isso gera mais inflação e impacta no prato do trabalhador, e na indústria que também é fortemente afetada por conta dos derivados do petróleo”, avaliou.

“Quem tem carro não consegue abastecer e quem usa transporte público tem dificuldade para pagar as altas tarifas. No caso de transporte por aplicativos, são afetados os usuários e os motoristas, já quem trabalha com frete, repassa o valor, o que gera também maior custo ao consumidor final. Ou seja, todos pagam a conta pela má condução do governo”.

Justiça cobra explicações

A Justiça Federal deu prazo de 72 horas para o governo Bolsonaro explicar o recente aumento da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. A determinação é da juíza Flávia de Macêdo Nolasco, da 9ª Vara Federal do Distrito Federal. O despacho foi assinado no dia 11, em resposta a uma liminar de representações dos trabalhadores caminhoneiros que pede a suspensão em todo o país dos reajustes.

Inflação

Em fevereiro de 2022, o IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo), chegou a 1,01%, o maior para o mês desde 2015, segundo o IBGE. No acumulado de 12 meses, a elevação de preços chega a 10,54%.

Gás de cozinha

Outro aumento alarmante, cujo preço tem consumido boa parte da renda dos brasileiros, é o do gás de cozinha. Desde o golpe, em 2016, o preço do botijão nas refinarias subiu 349%.