Volks anuncia férias coletivas para 2.500 trabalhadores por falta de peças

Sindicato denuncia falta de política industrial e lembra que paradas nas montadoras têm impacto em toda a cadeia produtiva do setor

Foto: Divulgação

A falta de peças e componentes para finalizar a produção de veículos afeta mais uma montadora da base. Desta vez a direção da Volks, em São Bernardo, anunciou que dará férias coletivas para cerca de 2.500 trabalhadores. Os metalúrgicos ficarão fora da fábrica por 20 dias, de 9 a 28 de maio. Atualmente na fábrica são produzidos cerca de 800 veículos por dia.

O coordenador-geral da representação na Volks, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho, destacou o acordo firmado entre o Sindicato e a direção da fábrica que garante previsibilidade em situações de crise.

“Estamos usando todas as ferramentas de flexibilidade discutidas no acordo firmado pelo Sindicato. Esse acordo abrange momentos bons e ruins para atravessar crises como essa. O acordo dá previsibilidade tanto para a fábrica como para os trabalhadores e certa tranquilidade para atravessar momentos como este”, afirmou.

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Reféns da importação

O diretor Administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, ressaltou a falta de uma política industrial como responsável pela escassez de componentes e peças.

“Essa crise não acontece só no Brasil, mas a falta de políticas públicas voltadas para a indústria e de discussões sobre desenvolvimento, pesquisa e inovação levam a momentos como esses em que somos reféns da importação”.

“A falta de política industrial e a falta de desenvolvimento do país têm causado a desestruturação da cadeia produtiva. Sendo que, hoje, faltam insumos básicos que eram produzidos no Brasil e que não são mais justamente por falta dessa discussão”, disse.

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Cadeia produtiva

O dirigente lembrou ainda que uma parada como essa na Volks, a exemplo do que ocorreu recentemente na Mercedes, tem impacto em toda a cadeia produtiva. Segundo ele, cada trabalhador na Volks envolve outros 11 trabalhadores no setor.

Alta demanda

Bigodinho reforçou que a situação não é diferente do que está acontecendo em outras fábricas.

“Tem demanda de produção, porém a fábrica não consegue atender ao consumidor final com a escassez de peças. Estamos na expectativa da retomada o mais breve possível”, concluiu.