Dia do Orgulho LGBTQI+ pede conscientização, respeito e políticas públicas
Apesar de algumas conquistas, o Brasil ainda tem muito o que avançar no combate ao preconceito e ações afirmativas para essa parcela da população
Hoje, Dia Internacional do Orgulho LGBTQI+, celebrado anualmente em 28 de junho em todo o mundo, é também uma data de conscientização sobre a importância do combate à LBGTfobia rumo à construção de uma sociedade livre de preconceitos e igualitária.
Apresar de alguns avanços, conquistados com muita luta, o Brasil ainda é o país que mais mata LGBT no mundo. A inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho segue sendo um desafio e, apenas em 2022, após anos de reivindicação, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) incluiu no censo informações sobre homossexuais e bissexuais. Dados que ainda são insuficientes e subnotificados, segundo representantes da comunidade.
De acordo com o coordenador de Políticas de Cidadania e Diversidades da Prefeitura de Diadema, Robson de Carvalho, homossexual, a principal luta atual dessa parcela da população é ser reconhecida pelo direito de viver e ser.
“Só assim teremos possibilidades de conquistar e lutar pelo direito da cidadania, do trabalho, da escola e de amar e cobrar dos governos implantação de uma política igualitária para todos”.
Censo do IBGE
No Brasil, 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais se declaram lésbicas, gays ou bissexuais. As informações coletadas em 2019 mostram que 94,8% da população se identificam como heterossexuais. Esta foi a primeira vez que esse dado foi coletado entre os brasileiros. Para este ano, o IBGE foi obrigado a incluir a pergunta sobre orientação sexual e também identidade de gênero. Porém o Instituto afirma que não haverá tempo hábil para a medida, já que o início da coleta das informações está previsto para agosto.
“Essa demanda é cobrada por nós desde os anos de 1980. A inclusão desses campos permite levantar informações sobre números da comunidade LGBTQI+ e é importante para aprimorar a implantação de políticas públicas pertinentes a esse segmento”, declarou Robson.
Mercado de trabalho
A inclusão no mercado de trabalho, principalmente de transgêneros, ainda é um grande desafio. Entre os motivos Robson aponta a transfobia ou falta de tato no recrutamento, a busca por profissionais que estejam de acordo com os padrões sociais e o abandono precoce da escola por parte dessa população causado por situações de preconceito e violência.
“Muitas vezes, quem realiza o contrato não sabe como acolher uma pessoa trans, especialmente quando não é alguém com características físicas de uma pessoa cisgênero. Devido a isso boa parte desse segmento permanece fora de empregos formais e são empurrados ou jogados a marginalização”.
LGBTfobia
O Brasil continua sendo o país do mundo onde mais LGBT são assassinados. Pelo menos 316 morreram por causas violentas em 2021, segundo levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQI+.
Robson lembrou que o Brasil já foi referência internacional pela criação do Programa Brasil sem Homofobia em 2003, o primeiro programa de governo de políticas públicas para essa população.
“Desde a eleição do atual governo federal, o país vem assistindo grandes retrocessos nas conquistas sociais. Uma das principais foi a retirada da comunidade LGBTQI+ da carta de diretrizes de Direitos Humanos que estabelece para quais grupos são promovidas políticas públicas de inclusão e de respeito”.
Luta fora e dentro das fábricas
O vice-presidente dos Metalúrgicos do ABC, Carlos Caramelo, lembrou que é preciso lutar para que todos sejam bem acolhidos e tenham seus direitos respeitados dentro e fora das fábricas.
“Nossa categoria é um reflexo da sociedade, temos nas fábricas companheiros e companheiras LGBT, mas também temos os conservadores e preconceituosos, por isso essa luta precisa ser diária. É necessário apoiar e abraçar essas pautas. Nosso Sindicato atua também na defesa dos muitos que sofrem calados devido ao medo de perder o emprego e do preconceito”.