Contra a violência e a intolerância, em defesa da vida e da democracia

A intolerância e o ódio não podem se transformar em padrão de comportamento político

Foto: Divulgação

O assassinato ocorrido no último sábado, do guarda municipal Marcelo Arruda, dirigente do sindicato dos servidores municipais, tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu e candidato a vice-prefeito nas eleições de 2020, na sua festa de aniversário de 50 anos que contava com cerca de 40 convidados, chocou o país e ganhou as manchetes de jornais, TVs e redes sociais. O assassino é um policial, que segundo depoimentos, entrou na festa gritando o nome de Jair Bolsonaro e “mito”, ameaçou de morte todos os presentes e minutos depois voltou para cumprir sua ameaça e atirou em Marcelo Arruda, que chegou a reagir ferindo o assassino. O fato da vítima ser um petista e o seu algoz um bolsonarista, desencadeou algumas interpretações equivocadas que procuraram colocar no mesmo patamar a radicalização da esquerda e da direita no atual cenário pré-eleitoral.   

Embora se beneficiem das regras da democracia para exercerem a política, os grupos de extrema direita, jogam contra a democracia perseguindo seus adversários de forma violenta ameaçando a integridade física destes, além de exaltarem a ditadura e outros regimes totalitários como o nazismo. A intolerância e o ódio não podem se transformar em padrão de comportamento político. 

Nunca em períodos anteriores as disputas eleitorais se deram num clima tão violento permeado pelo ódio e pelo desejo de extermínio do opositor político como tem ocorrido desde a campanha eleitoral de 2018, estimulada pelo então candidato Bolsonaro, que ao se tornar presidente, ao invés de buscar o diálogo e a unidade, continuou disseminando ódio e violência através dos seus seguidores de extrema direita nas ruas e nas redes sociais. O assassinato de Marcelo Arruda é mais um entre tantos outros exemplos de violência, como ocorreu em Uberlândia, Minas Gerais, quando bolsonarista utilizando um drone jogou veneno em manifestantes petistas. Ou quando um seguidor de Bolsonaro invadiu o hotel em que estava sendo realizado um evento de lançamento do programa de governo do candidato do PT. No Rio de Janeiro também tentaram lançar um artefato explosivo durante um ato com a presença do ex-presidente Lula.    

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A falsa interpretação que compara a extrema direita e a esquerda como extremos que se equivalem é uma desonestidade intelectual e um equívoco histórico. A esquerda sempre defendeu a democracia e o respeito às regras do jogo democrático. Os governos democráticos e populares foram pautados pelo diálogo com todas as correntes de pensamento da sociedade brasileira numa perspectiva integradora de uma sociedade de bem-estar social, mas sempre respeitando as diferenças culturais e identitárias de todos os segmentos.

Não há qualquer termo de comparação possível entre a extrema direita e a esquerda. Quando isso é feito de forma manipuladora, como parte da mídia recorrentemente tem feito, o resultado é trágico para a democracia brasileira porque naturaliza e normaliza as condutas da extrema direita que enaltecem o ódio, a intolerância. Os ataques à democracia não podem ser banalizados. Atos como ficar em posição de tiro e dizer que vai fuzilar todos os petistas, ou condecorar torturadores ou exaltar a ditadura e o AI-5, ou dizer que morreram poucas pessoas durante o regime militar e tantas outras declarações do atual presidente, que confrontaram a democracia de forma cristalina. 

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tem uma trajetória de luta intransigente em defesa da democracia por entender que é o sistema que melhor representa os interesses da classe trabalhadora e, que por isso, os trabalhadores e trabalhadoras devem fazer parte da sua construção democrática e aperfeiçoá-la de forma permanente.

Por esse compromisso, o nosso Sindicato não pode aceitar que os frequentes atos de violência política praticados por grupos de extrema direita, que querem inviabilizar a democracia como expressão da soberania do povo brasileiro, sejam banalizados e transformados em práticas comuns do nosso repertório político. O Pacto Político em defesa da democracia construído nas últimas décadas à custa de muitas lutas e muitas vidas não pode ser abandonado. A democracia “deve ser entendida pelos atores políticos e por toda a sociedade como o único jogo possível”. Sem essa compreensão estaremos sempre a mercê das ondas de aventureirismo autoritário que tanto mal tem causado ao nosso país. 

O povo brasileiro deseja paz e esperança em dias melhores com respeito e valorização da vida. Uma vida que lhe permita sonhar de novo num futuro com dignidade para si e para as futuras gerações em que prevaleça a solidariedade, o espírito coletivo e o respeito à diversidade.  

Toda nossa solidariedade à família, amigos e companheiros de militância de Marcelo Arruda!

Diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC