Em todo o Brasil atos em memória de Marcelo Arruda pedem paz e justiça
Foz do Iguaçu, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo foram algumas das cidades com manifestações neste final de semana
Atos por justiça para o guarda civil Marcelo Arruda, petista e dirigente sindical, assassinado pelo policial bolsonarista Jorge Guaranho, no sábado (9), durante sua festa de aniversário, foram realizados em Foz do Iguaçu (PR), São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Osasco (SP) nesse domingo (17).
Em todos os atos, os manifestantes criticaram o encerramento rápido do inquérito da Polícia Civil do Paraná e a conclusão anunciada na sexta-feira (15) de que o assassino não teve motivação política para o crime, apesar de ter gritado “aqui é Bolsonaro” nas duas vezes em que invadiu a festa que tinha como tema o PT e Lula. Na primeira xingou e ameaçou, na segunda já desceu do carro atirando.
Em Foz do Iguaçu, a policial civil Pamela Silva, viúva de Marcelo Arruda, pediu justiça e lamentou que o filho, com apenas 40 dias de vida não vai conviver com o pai.
“Eu peço às autoridades que lutem por justiça em nome do Marcelo. Infelizmente, meu filho recém-nascido não poderá conviver com seu pai. Ele foi vítima de um ato de violência. Ele lutou e não resistiu. Só peço justiça”, disse Pamela durante o ato.
“Independente de lado político, temos que condenar, com toda nossa força e energia, qualquer tipo de violência política que presenciarmos”, defendeu ao microfone Luís Donizete, irmão de Marcelo Arruda e simpatizante de Bolsonaro.
“Não podemos aceitar. É preciso deixar claro que não é proibido pertencer ou apoiar qualquer partido político, o que é proibido, o que é crime, é matar pessoas. Isso precisa ser condenado”, concluiu Luís.
Filho mais velho da vítima, Leonardo Arruda relembrou ao público parte da trajetória do pai. “Meu pai foi um homem simples, criado numa favela, que lutou muito para conquistar tudo que teve. Ele sempre me ensinava sobre o valor das coisas. E da importância de lutarmos. Mas a luta dele era com respeito. Devemos lutar para que o ódio acabe, para que tenhamos paz e essa guerra acabe. Não podemos ter mais famílias passando por isso”, destacou.
Curitiba
Na capital paranaense a manifestação aconteceu na Catederal Metropolitana onde reuniram-se militantes, defensores da paz, lideranças políticas e também do mundo acadêmico. A manifestação foi encerrada com a música “Para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, com um minuto de silêncio na sequência. Neste momento foram soltados os balões brancos em homenagem a Marcelo Arruda.
“Enquanto nós vemos a pessoa que lidera a nação incentivando a violência, colocando pilha para as pessoas se armarem, nós precisamos ir pelo lado contrário”, destacou o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, se referindo ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Anos atrás participamos da campanha pelo desarmamento. Quem tem que estar armado é a polícia, não o cidadão. Não é possível vivermos em uma sociedade armada em que os conflitos são resolvidos na bala. Não, precisamos resolver com a tolerância e a conversa. Precisamos avançar na sociedade para isso Aqui da Praça da Paz, precisa sair esse pedido e que nossas vozes cheguem a todo o Brasil e que possamos levar o legado do arcelo”, completou Marcio Kieller.
Em São Paulo, manifestantes foram a Avenida Paulista e se concentraram em frente ao Masp. Laércio Ribeiro, presidente do Diretório Municipal do PT São Paulo, criticou o fato de o assassinato de Marcelo seri indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar “perigo comum” às outras pessoas que estavam na festa de aniversário onde aconteceu o crime.
“Como não houve motivação política?”, questionou Ribeiro. “Houve um crime de ódio, por motivação política não só na morte de Marcelo, mas na morte de lideranças indígenas, na morte dos jovens de Paraisópolis, de mestre Moa do Katendê. Essas mortes são políticas e por motivação política através de um discurso de ódio”, afirmou o dirigente petista. “Não basta só justiça com base naquele indivíduo que entrou na festa de Marcelo. É preciso responsabilizar a todos. Nós venceremos em memória àqueles que lutaram e que lutam.”
Em Porto Alegre, os manifestantes enfrentaram um frio de 10ºC na manhã deste domingo (17) para participar de um ato ecumênico pela paz, justiça e democracia, realizado em frente ao Monumento ao Expedicionário, no Parque da Redenção, em Porto Alegre.
Ao final, foi lançado o “Manifesto pela Paz, Justiça e Democracia”, com a leitura do texto já assinado por mais de 30 entidades e que será disponibilizado para adesões nas redes sociais.
Da CUT.