Lula participa hoje no Sindicato de lançamento de filme e documentário dos quais é personagem principal
As autoras das obras revelaram à Tribuna detalhes fundamentais dos trabalhos
Hoje, a partir das 17h30, serão lançados no Sindicato o livro “Quatro décadas com Lula: O poder de andar junto”, de Clara Ant, e o documentário “Lula: Bastidores da Vitória”, de Luciana Sérvulo. A atividade contará com a presença do ex-presidente Lula. Clara e Luciana conversaram com a Tribuna sobre os detalhes das suas obras. Confira:
Clara Levin Ant
Arquiteta, boliviana radicada no Brasil, Clara Ant foi fundadora e uma das primeiras mulheres dirigentes da CUT, participou da construção do PT, foi deputada estadual por SP, assessora especial de Lula na presidência da República e diretora do Instituto Lula, no qual é conselheira atualmente.
No livro, da Autêntica Editora, entre tantas coisas, a autora conta como conheceu Lula, ainda na década de 1970, e sobre os caminhos que trilharam juntos em prol da liberdade, da autonomia sindical e contra as leis de arrocho salarial.
Tribuna Metalúrgica: Por que escrever este livro?
Clara Ant: O livro é também uma resposta às inúmeras indagações que me fazem sobre o jeito de Lula trabalhar, decidir e de se relacionar. Conto essa história para que não seja esquecida, para impedir que o negacionismo apague nossas batalhas, para que todos saibam que essa liderança que alcança a dimensão que Lula alcançou não surge da noite para o dia.
TM: Qual a importância de lançar no Sindicato?
Clara Ant: É muito emocionante para mim. O Sindicato é um personagem, não só do meu livro, mas da história brasileira, do movimento social, particularmente do movimento sindical, que foi referência e liderança para um conjunto de movimentos que se formaram quando a ditadura começou a perder força.
TM: Por que a classe trabalhadora precisa ler a obra?
Clara Ant: Creio que ela seja importante para quem se interessa por saber de onde veio, em enriquecer sua própria história. Gosto de comparar as histórias da sociedade com um tear, cada um é um fio, mas só faz sentido quando fica pronto o tecido. Não sou historiadora, sou arquiteta, mas minha especialidade é entender o Lula.
TM: E o que você destaca como mais substancial nessas quatro décadas ao lado de Lula?
Clara Ant: A capacidade dele de ouvir, normalmente as pessoas o conhecem falando, mas ele é um bom ouvinte. Também a capacidade que ele tem de se apropriar de um tema com facilidade quando está assistindo a uma apresentação de algo que não conhece, é uma característica da inteligência dele.
Luciana Sérvulo da Cunha
Em seu primeiro filme, a documentarista Luciana Sérvulo da Cunha captou com exclusividade o clima dos primeiros momentos da vitória do presidente Lula na eleição de 2002.
TM: Por que fazer este documentário?
Luciana Sérvulo: Desde a fundação do PT, quando eu era muito nova, sonhava com um governo que tratasse as pessoas com respeito e dignidade e que transformasse o nosso país em um país com mais justiça, liberdade e igualdade. Lula representava esse sonho. Depois de três campanhas, em 2002, vivíamos um momento de grande insatisfação com o FHC. A oportunidade era única para elegermos um operário. No final da campanha, pressenti que ganharíamos e não podia deixar de registrar aquele momento histórico. Assim nasceu o meu filme, Lula: Bastidores da Vitória! Para nunca esquecermos essa parte magnífica da nossa história.
TM: Por que a classe trabalhadora precisa assistir?
Luciana Sérvulo: A classe trabalhadora foi responsável por muitas conquistas e transformações e segue sendo uma grande força de resistência. E é a geradora da maior liderança política da história do Brasil. Ao assistir ao filme, acredito que cada trabalhadora e trabalhador poderá se espelhar nele, trazendo, neste momento tão nefasto e obscuro, essa memória fundamental, fazendo com que a chama da esperança reacenda novamente.
TM: O documentário traz detalhes que os eleitores não viram, o que esperar de mais instigante?
Luciana Sérvulo: Grande parte das imagens foram feitas em local de acesso privado, são inéditas e não são conhecidas pelo grande público, principalmente pelas gerações mais novas. Elas contam a nossa história, carregam uma emoção ímpar e têm o poder de nos fazer refletir e emocionar ao mesmo tempo. Como estamos desde o golpe vivendo tempos muito difíceis e violentos, estamos despedaçadas, tristes, exaustos e exaustas e ao se deparar com tamanha emoção, o coração explode. E nessa explosão, podemos viver a dimensão boa e potente da nossa existência.