O bicentenário do estado nacional brasileiro e a refundação da nação brasileira

Na quarta-feira, 7 de setembro, o Brasil celebrou o bicentenário de sua independência. Uma celebração importante que merece refletirmos sobre ela.

A primeira reflexão diz respeito ao enfrentamento do trabalho escravo pelos fundadores do estado nacional brasileiro. A escravidão perdurou por 66 anos após a independência. Mas, quais as motivações para essa permanência?

Em primeiro lugar, os altos lucros do comércio de escravos que proporcionavam fortuna e poder aos traficantes e toda a rede de interesses envolvida. Em segundo lugar, o interesse na manutenção do grande latifúndio que concentrou a propriedade da terra. O trabalho escravo e o latifúndio estavam intimamente vinculados à elite que articulou a independência. Basta lembrarmos que a partir de 1822 até 1850 o tráfico de escravos se intensificou no Brasil.    

As consequências dessa decisão foi a fragilização da nossa democracia no seu nascedouro, pois, ao manter a escravidão e o latifúndio, inviabilizou-se a república como forma de representação política, além de excluir a integração dos negros no estado nacional que começara a nascer.

A nação que proclamou a sua independência no dia 7 de setembro de 1822 era uma nação para poucos. Muito poucos! Graças à luta do povo brasileiro, conseguimos avançar politicamente e ampliar a participação popular nas decisões do país. Mas, depois de 200 anos da nossa independência, permanece o desafio de refundar a nação brasileira para que ela possa, verdadeiramente, refletir as aspirações de todo o seu povo.

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