Sindicato cobra punição contra genocídio do povo Yanomami

Lula determinou o corte do tráfego aéreo e fluvial em garimpos ilegais de Roraima para combater o mais rápido possível as atividades criminosas

Está determinada a interrupção do tráfego aéreo e fluvial para combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e região, em Roraima. A decisão é do presidente Lula após reunião ontem com seis ministros do governo; a presidenta da Funai (Fundação Nacional Indígena), Joenia Wapichana; e o brigadeiro Marcelo Damasceno, comandante da Aeronáutica.

Dos ministros, estavam Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Flávio Dino (Justiça), Silvio Almeida (Direitos Humanos), José Múcio (Defesa), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil).

Segundo a presidência da República, “as iniciativas visam combater, o mais rápido possível, o garimpo ilegal e outras atividades criminosas na região impedindo o transporte aéreo e fluvial que abastece os grupos criminosos. As ações também visam impedir o acesso de pessoas não autorizadas pelo poder público à região buscando não apenas impedir atividades ilegais, mas também a disseminação de doenças”.

Repúdio

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, expressa, juntamente com a Diretoria da categoria, toda a indignação contra as atrocidades cometidas contra os povos originários em nome do garimpo. “É criminoso o que foi feito e urgentemente precisam ser tomadas providências. A justiça tem que cumprir seu papel, punir fortemente os responsáveis por esse genocídio para que sirva de exemplo”.

“É estarrecedor, em pleno século 21, ver a maldade no coração dessas pessoas que não têm responsabilidade com os povos originários e fez o povo Yanomami chegar a essa situação de morte, miséria, doenças, fome. Isso nos chama a atenção não só pelas imagens, mas pela falta de compromisso com os povos que aqui já habitavam em nosso país antes da invasão portuguesa”, destacou.

Para Moisés, agora, mais do que punir, essa situação tem que nos servir de alerta “porque hoje são os yanomamis, amanhã podem ser os quilombolas e assim por diante. Precisamos lutar pela preservação do ser humano e dos povos originários”.

Combate ao garimpo

Na manhã de ontem, Lula já havia determinado a criação de um grupo de trabalho para estudar e propor ações para o combate ao garimpo ilegal em terras indígenas, por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial da União pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. A equipe técnica terá 60 dias para apresentar um projeto.

Genocídio anunciado

Em 1992, Bolsonaro, então deputado federal, apresentou projeto de decreto legislativo que previa a extinção da reserva Yanomami, demarcada um ano antes. O projeto nunca emplacou, mas ele nunca desistiu. Até que tentou pôr em prática, mesmo à margem da lei, como presidente eleito dos garimpeiros e mineradores ilegais.

Em um dos seus discursos no plenário em defesa do decreto, Jair Bolsonaro disse: “A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país”.

A repercussão das ações de genocídio na Terra Indígena Yanomami, sob o governo de Jair Bolsonaro, fez o ex-presidente se manifestar. Na noite de sábado, 28, Bolsonaro postou em rede social a afirmação de que “nunca um governo dispensou tanta atenção e meios aos indígenas” como ele próprio.

Porém, durante o seu governo, a população de 30 mil indígenas Yanomami em Roraima se viu cercada pelo mesmo número de garimpeiros atraídos pela exploração impune. Esse contingente de 30 mil garimpeiros ilegais foi responsável por um desmatamento quatro vezes maior e pelo envenenamento dos rios.

Com informações da Rede Brasil Atual