Dissonância cognitiva – parte 3

Você vai ganhar, digamos, R$ 100 por um experimento de uma hora. Você e outro voluntário sortearão quem será o professor e quem será o aluno, com um pesquisador orientando o procedimento. Você é sorteado professor.

Ao aluno é repetida uma série de palavras para decorar. Se perguntado uma, ele dirá a correspondente. O aluno então é conduzido a uma sala ao lado.

De frente a você um microfone, a lista de palavras e um controle para dar choque, com 30 posições, de 15 Volts (choque leve) a 450V (grave).

A primeira palavra o aluno acerta, a segunda, erra. Então, você deve colocar o aparelho no 15V e apertar o botão para dar choque.

Só que, a partir daí, o aluno erra. Erra a todo momento e, cada vez que ele toma o choque, você ouve os gritos, cada vez mais altos.

Você questiona o pesquisador. Ele pede, por favor, que continue. Que é essencial e que você não tem outra escolha.

O experimento, idealizado por Milgram, seria interrompido se a pessoa se recusasse terminantemente a continuar dando choques. Este estudo foi feito para entender a figura da autoridade: por que, no nosso dia-a-dia, fazemos coisas discutíveis, desde que sob autoridade externa?

O estudo foi usado para tentar entender o nazismo. E chegou a conclusões que, infelizmente, sob autoridade que reconhecemos como legítima, muitos de nós fazemos coisas que, de vontade própria, nem pensaríamos, sendo que 65% dos participantes continuaram até o mais alto nível de 450 V e todos os participantes continuaram até 300 V.

Em todas as seitas há a figura da autoridade. Ela pode mandar, ou só sugerir, que os seguidores cumprirão. Na próxima coluna, fecharemos o conceito de dissonância cognitiva.

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Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente