Após processo de luta, trabalhadores na GL aprovam acordo negociado pelo Sindicato

Com o fechamento da planta, em Diadema, Metalúrgicos do ABC ressaltaram a urgência do fim da guerra fiscal no país e a necessidade de uma política industrial efetiva

Após intenso processo de luta e negociação, os trabalhadores na GL, em Diadema, aprovaram o acordo negociado pelo Sindicato com a empresa. A assembleia foi realizada na Regional Diadema na tarde de sexta-feira, dia 24.

Diante da intransigência da empresa, que anunciou a decisão unilateral de fechamento da planta no último dia 6, o Sindicato tentou reverter a decisão e cobrou responsabilidade social da GL. Ao esgotar as possibilidades, buscou construir um acordo que contemplasse os 180 trabalhadores e trabalhadoras na fábrica. A negociação incluiu a proposta financeira, além de plano médico e vale-alimentação.

O coordenador da Regional Diadema, Antonio Claudiano da Silva, o Da Lua, destacou que os trabalhadores demostraram força e unidade para conquistar o acordo.

“A empresa não podia tratar a situação de maneira supérflua como queria, de achar que os trabalhadores são números. Cada um e cada uma de vocês foram muito honrosos e muito fortes durante todo o processo para impor respeito diante da empresa. Fizemos um esforço enorme para conquistar o melhor acordo possível e para que saiam de cabeça erguida”, afirmou.

Política industrial

Da Lua criticou o desmonte das políticas para a indústria dos governos anteriores e cobrou a urgência de uma política que valorize a indústria nacional, os empregos e o desenvolvimento do país. A GL vai transferir as operações de Diadema para suas plantas em Caxias do Sul (RS) e Manaus (AM).

“É uma situação muito ruim para os trabalhadores, para o Sindicato e para toda a região. A empresa é capitalista, quer ganhar mais, é desumana. O Brasil precisa resolver a guerra fiscal, o ICMS em um estado não pode ser tão desigual em relação a outro. Precisamos ter política para a indústria, que é onde estão os melhores empregos no país”, defendeu.

Fruto da luta

O coordenador de área, Gilberto da Rocha, o Amendoim, ressaltou a importância da unidade para chegar ao acordo na GL.

“A construção do acordo foi fruto da luta, do empenho e da disponibilidade de todos e todas. No dia 6, junto com o anúncio de fechamento, a empresa fez uma proposta de aporte social, que rechaçamos de imediato”, lembrou.

“Os trabalhadores tiveram disposição para fazer as lutas que foram feitas, desde que a empresa trocou de gestão há cerca de três anos e passou a ter movimentações estranhas. Dividimos cada passo com vocês e chegamos ao máximo que conseguimos avançar na proposta”.

Desde as mudanças na fábrica, o Sindicato vinha pautando a empresa sobre o futuro da planta na região, mas sem retorno efetivo. Também procurou a Prefeitura de Diadema, que se reuniu com a GL no fim do ano passado para tratar de benefícios caso houvesse investimentos na região.

Responsabilidade

A CSE, Maria José da Silva Modesto, agradeceu a todos e todas pela unidade. “Agradeço a todos os trabalhadores e trabalhadoras que sempre estiveram juntos e trataram a representação com respeito. Quando sentia que ajudava em algo, já valia a pena por qualquer aborrecimento. Vamos todos sair com a sensação de que demos o nosso melhor”.

O CSE, Milton Aparecido Alves Bertholdo, contou que foram quase 26 anos trabalhados na GL. “Foi uma luta árdua para chegar até aqui, sempre quando sentamos na mesa de negociação com a empresa foi com muita responsabilidade, desde negociação de PLR até o acordo agora, porque tudo mexia com o bolso, com o dia a dia e com os sentimentos de todos vocês”.