Há 50 anos morria o estudante Alexandre Vannuchi Leme

Hoje (17), haverá um ato das 16h às 18h30 em memória de Alexandre Vannuchi Leme na Sala dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco

Preso no dia 15 de março e levado para o DOI-CODI do II exército,  na Vila Mariana, chamado de “porão da ditadura” onde aconteciam as piores cenas de tortura, o estudante de Geologia da Universidade de São Paulo (USP), Alexandre Vannuchi Leme veio a falecer dois dias depois, vítima de várias seções de torturas comandadas pelo Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, também conhecido pelo codinome de Dr. Tibiriçá, que teve o valor da pensão de suas  filhas equiparadas ao posto de Marechal por Bolsonaro em 2021.

O corpo de Alexandre foi enrolado num tapete, colocado num porta-malas de um Opala e levado para o cruzamento das ruas Bresser com a Celso Garcia no bairro do Brás, onde foi simulado um atropelamento. Em seguida seu corpo foi coberto de cal e levado para o cemitério clandestino de Perus, onde foi enterrado como indigente.

Somente no dia 23 de março foi noticiada nos jornais a morte de Vannuchi Leme, com o argumento de que ele foi atropelado enquanto fugia dos agentes da polícia por ser membro da Ação Libertadora Nacional (ANL), organização política, considerada “terrorista” pela ditadura e uma das mais perseguidas pela repressão.

A morte de Alexandre chegou até um grupo de estudantes da USP, que procurou o arcebispo da cidade de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns, para que realizasse um missa de sétimo dia pela morte de Vannuchi Leme, como forma de protesto contra as práticas de tortura e assassinatos da ditadura. No dia 30 de março por volta das 18h30, mais de 3 mil pessoas foram a missa na Catedral da Sé e ouviram Dom Paulo denunciar a violência de Estado praticada contra o estudante de 22 anos. Esse ato marcou o início das denúncias e protestos contra os crimes praticados pela ditadura e seria o estopim para incendiar o clamor popular em defesa da democracia nos anos seguintes.

Hoje (17), haverá um ato das 16h às 18h30 em memória de Alexandre Vannuchi Leme na Sala dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. No evento será lançada a exposição virtual Eu só disse meu nome, uma iniciativa do Instituto Vladimir Herzog, com curadoria Carolina Valverde.  A preservação da memória que denuncia os crimes dos opressores é um ato de resistência política dos que lutam por justiça social e liberdade no tempo presente. Como temos testemunhado de forma triste em nosso país, os opressores estão sempre à espreita buscando novas oportunidades para retornarem ao poder. Por isso, temos a tarefa permanente de combater a opressão em todas as suas trincheiras.

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