Mais um golpe abaixo da cintura: juros altos e a desindustrialização

Dedo no olho, puxão de cabelo e o golpe baixo, até na mais livre das lutas, são considerados como atos de desonra. No embate entre o governo Lula e o Banco Central há um oponente que joga deliberadamente sujo, e a decisão do BC mantendo a taxa de juros Selic em 13,75% ao ano é um golpe que entraria nessa classificação.

Indicado no governo anterior, o presidente do Banco Central e sua equipe decidiram novamente na contramão do seu papel principal: garantir o poder de compra da moeda, zelar por um sistema financeiro eficiente, e fomentar o bem-estar econômico da sociedade.

O Brasil tem a maior taxa de juros real descontada a inflação do mundo, cerca de 7% ao ano. O patamar está, portanto, muito distante da cifra de 4%, considerada ideal pelo próprio Banco Central, sendo a taxa que manteria a demanda equilibrada sem superaquecer ou sem retrair a economia.

Se os juros nesse patamar não têm efeito sobre o controle dos preços, menos ainda se justificam quando falamos da atribuição de manter o bem-estar econômico da sociedade. O que estamos assistindo são fábricas decretando férias coletivas por queda persistente na demanda, alimentada pela falta de crédito e pelo nível dos juros básicos praticados pelo Banco Central. Essa tem sido uma luta desleal com os trabalhadores, que sofrem as consequências dessa política.

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