Só 6,4% dos caminhões vendidos atendem à nova lei de emissões

No dia 1º de janeiro entrou em vigor uma nova lei de emissões para veículos comerciais que tornou os caminhões zero mais caros

Nos últimos tempos, as práticas ESG entraram na agenda de muitas empresas. Mas nem todos estão dispostos a pagar mais por produtos menos poluentes. No dia 1º de janeiro entrou em vigor no Brasil uma nova lei de emissões para veículos comerciais. Mas apenas 6,4% dos caminhões vendidos no primeiro trimestre são modelos com a nova tecnologia, mais conhecida por Euro 6.

O motivo do desinteresse do frotista pelos novos modelos é o preço. Os caminhões ajustados ao Euro 6, denominação europeia do Proconve P8 brasileiro, custam, em média 20% a 25% mais porque carregam componentes mais sofisticados. Assim, dos 28,6 mil caminhões vendidos de janeiro a março 93,6% foram do tipo Euro 5, a regulamentação anterior, que entrou em vigor em 2012.

As montadoras puderam fabricar veículos que atendem o Euro 5 (Proconve P7) até 31 de dezembro de 2022. O que ficou no estoque na virada do ano poderia ser vendido posteriormente, com prazo até o fim de março para emplacamento. Diante da perspectiva de aumento de preços, muitos frotistas anteciparam as compras ao longo de 2022. Mas, por falta de semicondutores, a indústria não conseguiu atender toda a demanda. Tanto que a produção aumentou apenas 1,9% em 2022 na comparação com 2021.

Na apresentação dos resultados do setor esta semana, o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Gustavo Bonini, disse que, embora esperasse uma queda nesse início do ano, o setor não tinha ideia do quanto do volume vendido em 2022 representou antecipação de compras. Segundo a Anfavea, a antecipação de compras em 2022 não é a única responsável pelo encolhimento do mercado. Márcio de Lima Leite, presidente da entidade, aponta a alta dos juros e a restrição ao crédito e afirma que caminhões com mais tecnologia merecem linhas especiais de financiamento.

Do Valor Econômico