Na Mercedes, trabalhadores aprovam disposição de luta contra juros altos

Compromisso é de engajamento contra a política econômica praticada pelo Banco Central e em defesa da retomada do desenvolvimento do país

Foto: Kelly Fersan

Em assembleia unificada na tarde de ontem, os trabalhadores na Mercedes, em São Bernardo, aprovaram a disposição de luta contra os juros abusivos praticados pelo Banco Central. A taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75%. Os trabalhadores também aprovaram o layoff para atravessar o período de redução da produção, reflexo também da taxa de juros.

O diretor executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, ressaltou que os juros nesse patamar dificultam o acesso ao crédito. “O maior vilão é a taxa de juros abusiva, que deixa o financiamento mais caro, as pessoas não compram e há a queda na produção. A maioria das pessoas não compra ônibus nem caminhões à vista”, afirmou.

“Ela também atinge quem quer financiar um carro, uma geladeira. Os juros altos afetam o consumo, o emprego e a renda. Os trabalhadores vão à luta para dar o recado de que não concordamos com esses juros. É preciso baixar a taxa para a economia reagir. Nossa luta é pela retomada do desenvolvimento do país e é nossa obrigação tomar à frente da discussão da economia brasileira”, destacou.

Foto: Kelly Fersan

Mecanismos

A montadora divulgou comunicado no início do mês em que indicou a necessidade de adoção de um turno da produção por dois a três meses e alegou excedente de trabalhadores. Também foram adotadas férias coletivas parciais e semanas curtas de trabalho.

Por conta da baixa na produção, os trabalhadores também aprovaram na assembleia mecanismos negociados para atravessar o período, com adoção do layoff, a suspensão temporária de contrato de trabalho, para cerca de 1.200 trabalhadores e por um período de dois a três meses.

O coordenador da representação na Mercedes, Sandro Vitoriano, explicou que os trabalhadores recebem 100% do salário líquido durante o layoff e passam por um curso de formação profissional.

Foto: Kelly Fersan

“É importante ressaltar que todos esses trabalhadores têm garantia de retorno para a fábrica. E, para dar mais tranquilidade para as pessoas, em caso da necessidade de um novo layoff, dependendo de como o mercado de caminhões e ônibus se comportará, quem entrar agora não estará em um eventual próximo layoff”.

Foto: Kelly Fersan

Dificuldades

Além da taxa de juros e das dificuldades de financiamentos, o CSE Amarildo Marques de Souza, lembrou que houve ainda a antecipação de compras no setor no ano passado por conta da nova legislação de emissão de poluentes, Euro 6, com caminhões, em média, 15 a 20% mais caros este ano.

“Também sofremos com a falta de componentes, resultado do desmonte da indústria brasileira e do aumento da dependência de importados nos últimos governos. Discutimos alternativas para atravessar o período e temos urgência em discutir o futuro da fábrica, com as novas matrizes energéticas e as novas tecnologias, com desenvolvimento do Brasil e empregos de qualidade”.