‘Tribuna na Mão’ na Scania alerta trabalhadores à luta contra taxa de juros do Banco Central
A edição do jornal distribuída ontem na montadora mostrou como o índice de 13,75% afeta o setor automotivo e penaliza a população
Quarta-feira pela manhã é dia de ‘Tribuna na Mão’ na base e ontem foi a vez dos trabalhadores na Scania, em São Bernardo, conversarem com a Direção do Sindicato sobre as questões da fábrica, as propostas dos Metalúrgicos do ABC levadas ao governo federal e os próximos desafios da categoria.
Enquanto entregava a Tribuna aos companheiros e companheiras na montadora, o vice-presidente do Sindicato, Carlos Caramelo, aproveitou a pauta do dia do jornal, a taxa Selic, e rebateu o índice definido pelo Copom (Comitê de Política Monetária) e a autonomia do Banco Central.
“Quem está à frente do BC não tem compromisso com os trabalhadores, com suas famílias nem com o país. Com essa política de juros não há investimentos em produção e não haverá venda de caminhões e ônibus. Isso já está afetando a nossa produção. Temos que ir às ruas e mostrar que somos contra esses juros abusivos”, chamou.
“Precisamos encampar a luta contra a alta de juros para que as empresas voltem a investir na produção e gerem mais empregos. Não podemos continuar com esse presidente [Roberto Campos Neto] do Banco Central jogando contra o Brasil, temos que fazer o movimento em defesa dos direitos, dos empregos e por uma taxa de juros justa no país”, defendeu.
Reflexo
Para o coordenador da representação na Scania, Francisco Souza dos Santos, o Maicon, a atividade esclareceu um tema tão relevante como o abordado na Tribuna desta quarta-feira (17) sobre a alta da taxa de juros e o prejuízo ao setor automotivo.
“Aqui na Scania sentimos diretamente o impacto dos juros altos, de 13,75%. Sem dúvida nenhuma isso trava toda a indústria e acaba acarretando mais desemprego”, destacou Maicon. “Esperamos que o Copom, na próxima reunião, reveja esse índice para que a roda da economia volte a girar. É preciso gerar empregos, renda e, assim, retomarmos o crescimento e desenvolvimento do país”.
“Na Scania o impacto foi duro. No mês de maio, tivemos a redução de um turno de trabalho. Agora estamos trabalhando em turno único e três dias por semana apenas. Isso foi extremamente negativo porque tínhamos alguns contratos com vencimento para maio e julho e a expectativa era que eles fossem renovados. Infelizmente, parte deles não foi devido à baixa demanda da montadora”, continuou.
Ações
O CSE Celso Ricardo de Moura, que integra a coordenação do SUR, lembrou da importância do Sindicato estar na porta da Scania discutindo assuntos além do chão de fábrica. “Isso mostra como a entidade atua em todas as esferas como um Sindicato Cidadão, preocupado com fatores externos que atingem os trabalhadores, como a alta da taxa de juros”.
“Além de tudo, é um Sindicato que pensa em caminhos a seguir e sugere alternativas ao governo federal com medidas para ajudar a indústria e benefícios não só à categoria, mas à sociedade como um todo. Ações como essas são importantes os trabalhadores conhecerem para multiplicar dentro da fábrica para todos saberem e somarem à luta conosco”, disse.