Metalúrgicos e metalúrgicas do ABC protestam contra a taxa de juros abusiva praticada pelo Banco Central

Ato reuniu cerca de dois mil manifestantes na sexta-feira, dia 16, no lançamento da jornada de lutas. Hoje começa a reunião do Copom que definirá a taxa de juros. Ato será em frente ao BC, na Av. Paulista

Foto: Adonis Guerra

Ao ocupar as ruas do centro de São Bernardo, os metalúrgicos e as metalúrgicas do ABC, junto com trabalhadores de diversas categorias, movimentos sociais da região e parlamentares, deram o recado ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para que baixe a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75%.

Cerca de duas mil pessoas saíram do Sindicato em caminhada pela Rua Marechal Deodoro até a Praça da Matriz, em ato na última sexta-feira, dia 16, que marcou o lançamento da jornada de mobilização chamada pela CUT, demais centrais sindicais, Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, ressaltou que, mesmo com o frio de 13º da manhã do ato, os trabalhadores compareceram em peso ao chamado. “Este é um recado aqui do ABC, não duvide da nossa capacidade, temos sangue de luta nas nossas veias. Não tem coisa que nos orgulha mais do que ir para as ruas e lutar por um país melhor para nossos filhos e filhas. Vamos fazer mais”, chamou.

Foto: Adonis Guerra

“O Banco Central está sendo irresponsável com o país e com o povo brasileiro quando mantém essa taxa sem justificativa. A taxa não está alta porque a inflação está alta. Não podemos aceitar empresas sem poder produzir e os empregos ameaçados porque a taxa alta tem sido um impeditivo. Não vamos ficar calados!”, afirmou.

Audiência com BC

Em maio, preocupado com os impactos da taxa de juros no país, o Sindicato solicitou audiência com o Banco Central. No ato, o presidente do Sindicato contou que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, comunicou que receberá os representantes dos Metalúrgicos do ABC para uma audiência no dia 19 de julho.

“Quero dizer a ele que se não baixar a taxa e isso respingar e gerar desemprego para a classe trabalhadora, não vamos apenas parar as ruas do ABC. Levaremos os trabalhadores lá em Brasília para que arque com as consequências de seus atos”, avisou Moisés.

Jornada

A CUT, demais centrais sindicais, Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, convocaram a jornada de mobilização contra a alta taxa de juros e a política monetária do Banco Central entre os dias 16 de junho e 2 de julho, com o objetivo de denunciar a taxa de juros abusiva, dialogar sobre os impactos na vida de todos e todas, pressionar o Banco Central pela redução da taxa e pela saída de Campos Neto.

Um grande tuitaço nas redes sociais foi realizado ontem, aumentando o compartilhamento de materiais e vídeos para que a população entenda os impactos negativos da política de juros altos implementada pelo BC.

Hoje e amanhã o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne para decidir a taxa de juros. Os movimentos populares realizarão protestos em todo país, em frente às sedes do BC e em locais de grande circulação de pessoas. Em São Paulo, o ato será às 10h, na Av. Paulista, 1.804.

Foto: Adonis Guerra

“Os juros altos são a forma mais cruel, mais perversa de transferir renda daqueles que são pobres para aqueles que são ricos. Não vamos sair das ruas enquanto o Campos Neto não baixar a Selic. Se ele não fizer isso, vamos ao Senado pedir a cassação dele. Porque o papel do presidente o BC é promover emprego, desenvolvimento do país e ele está fazendo o contrário”, Sérgio Nobre, presidente da CUT.

Foto: Adonis Guerra

“Se a taxa de juros continuar como está, não vamos ter investimento no país e, se não tiver investimento, não vamos gerar emprego. Sem emprego, não tem renda, a economia fica ruim e a vida do povo piora. Por isso, essa luta. O Banco Central tem sido hoje o grande empecilho para a gente retomar o crescimento da economia. Vamos lembrar que Campos Neto foi indicado por Bolsonaro e tem mandato até 2025”, Gleisi Hoffmann, presidenta do PT.

Foto: Adonis Guerra

“É muito bonito ver a companheirada aguerrida nas ruas para lutar por melhores condições de vida, salários e dignidade para nossas famílias. É muito importante vir às ruas e dizer: basta de juros altos! Não aguentamos mais. Esse presidente do Banco Central teima em trabalhar contra o governo e contra o país”, Maria do Amparo Travassos Ramos, coordenadora da Comissão de Mulheres Metalúrgicas do ABC.

Foto: Adonis Guerra

“Não vamos ficar parados, este é só o começo da luta para baixar a taxa. Queremos empregos decentes, poder financiar um carro, sonhar com a casa própria. Os comerciantes querem vender, mas para girar a economia e o país crescer é preciso reduzir os juros. O Brasil é grande e poderoso e pode muito mais”, Andréa Ferreira de Sousa, CSE na Apis Delta e do Conselho da Executiva da Direção eleito.