Amanhã tem hardcore do Dead Fish no Festival Rock ABC do Sindicato
Bandas se apresentam a partir das 17h na Sede. Para a entrada, evento arrecada 1 kg de alimento não perecível ou um agasalho em bom estado
Salva na agenda, companheirada: amanhã, às 17h, os Metalúrgicos do ABC recebem no palco do Festival Rock ABC, na Sede do Sindicato, Dead Fish. Rodrigo Lima (vocal), Marcos Melloni (bateria), Ricardo Mastria (guitarra) e Igor Tsurumaki (baixo), integrantes da banda capixaba de hardcore, com 32 anos de estrada, se apresentam pela segunda vez no evento, sendo a primeira em 2020 de forma online durante a pandemia.
O Festival conta ainda com apresentação de Grinding Reaction, Death Magic, Rima Livre e DJ Nicolas Miranda e será transmitido pela Rede TVT, em 44.1, e canais no YouTube RedeTVT e SMABCOFICIAL. Para a entrada, basta trazer 1 kg de alimento não perecível ou um agasalho em bom estado. Acesso pela rua João Lotto, s/n°, Centro.
Tribuna Metalúrgica – Após participação no Festival Rock ABC sem público em 2020 por conta da pandemia, o Dead Fish estará presente nesta edição no Sindicato. Qual a importância da banda tocar aqui e se somar à luta da categoria?
Rodrigo Lima – Aquela live foi muito bonita, estávamos muito isolados até ali e ter ido à Sede do Sindicato mais importante da América Latina naquele momento foi um respiro gigante. Agora vamos ver as pessoas, reencontrar amigos, falar presencialmente e isso, pra mim, é fazer política, é somar e ajudar na discussão com as bases todas.
TM – Certa vez vocês publicaram nas redes: “O Dead Fish é uma banda de esquerda, pra esquerda e da esquerda”. Podem falar um pouco sobre isso e como o posicionamento político afeta a relação da banda com o público?
Rodrigo Lima – Algumas pessoas se surpreenderam com essa afirmação lá em 2015, antes do golpe. Ela saiu quase sem querer num momento quente politicamente falando da história brasileira e foi muito importante. Pra nós estar envolvido com o punk e o hardcore, principalmente o brasileiro, sempre foi uma postura de desafiar o que está posto desde 1500, de enfrentar o que chamam direita e conservadorismo neste país de herança escravocrata, coronelista. Então, era simples pra gente desde a fundação da banda nos colocarmos no espectro esquerdo da política. Talvez isso não tivesse bem explicitado até 2015, mas agora está.
TM – Vocês chegaram aos 32 anos de estrada com músicas de contestação necessárias, principalmente nos últimos anos pós-golpe em 2016, inclusive com a música “Messias” e “Sangue nas mãos”. Qual a importância de letras combativas às lutas travadas no país?
Rodrigo Lima – A arte tem o imenso poder de mostrar momentos e contar histórias que as pessoas em suas vidas cotidianas não percebem. De protesto ou não, a arte que não é questionadora, que não mexe com os sentimentos, é mero entretenimento no meu ponto de vista. Temos a sorte de no Brasil termos vieses artísticos muito variados e contestadores às suas maneiras. Talvez, por isso, no pós-golpe de 2016, o Ministério da Cultura tenha sido extinto. Foi muito clara aquela atitude do Temer após a saída da Dilma.
TM – O punk e hardcore estão relacionados de que forma às pautas progressistas?
Rodrigo Lima – A contestação ao que está posto sempre, mesmo às vezes falando de amor.
TM – Quais as expectativas para os próximos anos com a retomada do governo Lula?
Rodrigo Lima – Seria ingênuo da minha parte afirmar que será revolucionária essa gestão do Lula, temos um legislativo brutalmente à direita. Nunca vi tanto nazi junto num lugar só. Mesmo assim essa gestão é simbólica, pois é o começo, de novo, da derrota das representações retrógradas da República. Muito trabalho à frente, muito. Contem conosco.
TM – O que os metalúrgicos e as metalúrgicas do ABC podem esperar do show de vocês?
Rodrigo Lima – Nossas boas e lindas apresentações no ABCD. Sempre calorosas, divertidas.
TM –A banda começa uma turnê pela Europa agora no final de julho. Conte um pouco como vai ser.
Rodrigo Lima – Estamos voltando depois de 16 anos. Fomos convidados por um festival em Blackpool, na Grã-Bretanha, que se chama Rebellion e dali, com ajuda de muitos amigos e amigas, conseguimos estruturar uma tour grande. Vamos passar pela Irlanda, Grã-Bretanha, Alemanha e Portugal.