Debate sobre os 40 anos da quarta intervenção do Sindicato é amanhã na Sede

Evento acontece no terceiro andar, às 9h30. Ato em solidariedade aos petroleiros em julho de 1983 foi estopim para o prédio dos metalúrgicos ser tomado por forças policiais

Os Metalúrgicos do ABC convidam toda a categoria para participar amanhã, às 9h30, no terceiro andar da Sede, em São Bernardo, do debate sobre os 40 anos da quarta e última intervenção do Sindicato. Um ato de solidariedade aos petroleiros da Refinaria de Campinas, em julho de 1983, que cruzaram os braços contra a retirada de direitos, foi o estopim para o prédio dos metalúrgicos ser tomado novamente por forças policiais. O Sindipetro Campinas também sofreu intervenção e teve a direção cassada.

“Essa data é importante porque, além da intervenção e da ousadia dos trabalhadores, é uma greve que se dá por conta da solidariedade de classe. O Sindicato fez uma greve durante um regime de exceção, de ditadura militar, em solidariedade a outros companheiros de outra categoria, os petroleiros”, lembrou o secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Claudionor Vieira.

“1983 é um marco na história, pois o ano anterior elegeu prefeitos, deputados, por exemplo, quando foi eleito o primeiro prefeito do PT, em Diadema, Gilson Menezes, operário na Scania e dirigente sindical na base”, disse.

Na ocasião, os Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, hoje ABC, realizavam a primeira etapa do 4º Congresso da categoria em Piracicaba, interior paulista e, no retorno, decidiram passar por Campinas. Nos dias 7 e 8, entraram em greve em solidariedade aos petroleiros.

Sede provisória

No Paço Municipal de São Bernardo, onde se encontravam várias passeatas, mais de 50 mil trabalhadores realizavam um grande ato público em solidariedade à greve dos petroleiros de Campinas e de repúdio à política econômica do governo. A resposta do governo militar foi, pela quarta vez, intervir no Sindicato, destituir e cassar seus diretores, colocando a Sede sob a tutela de um interventor nomeado pelo Ministério do Trabalho.

As greves e as intervenções nos sindicatos acabaram desencadeando um processo de mobilização e a decretação de greve geral. A Comissão Nacional Pró-Central Única dos Trabalhadores, movimento que articulava a criação da CUT ocorrida em agosto daquele ano, convocou para o dia 21 de julho toda a classe trabalhadora do país para cruzarem os braços por 24 horas.

Logo após a intervenção, através do Fundo de Greve, a diretoria cassada alugou uma sala em frente ao prédio do Sindicato e afixou a faixa “Ói nóis aqui outra veiz”. O Sindicato apenas tinha mudado de lugar e a frase demonstrava que era possível e necessário a construção de uma alternativa à estrutura sindical.

“E foi Jair Meneguelli, então presidente da diretoria de 1981 a 1983 dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, que também presidiu a CUT. Esse é um evento de formação política, pois com ele podemos aprender a história da luta operária do Brasil, sobre solidariedade, aprender e entender por que somos o que somos, por que chegamos até onde chegamos e por que temos a capacidade de ir muito além, pois resistimos, lutamos e vamos continuar defendendo a democracia, os trabalhadores e a liberdade”.