Sindicato promove debate no “Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua”
Reunião foi em prol de um fórum permanente de discussão para dar visibilidade a essa esquecida parcela da sociedade por parte do Estado
A promoção de direitos da população em situação de rua foi o tema principal do debate realizado no último sábado,19, na Sede, data que marca o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua. A atividade, organizada pelos Metalúrgicos do ABC, reuniu diversos movimentos sociais, entidades e militantes da pauta.
O vice-presidente do Sindicato, Carlos Caramelo, destacou a preocupação em manter viva a discussão sobre o tema. “É preciso manter a articulação da pauta montando um fórum permanente na região para debater o assunto. E assim criar um espaço constante de escuta das pessoas que se encontram nessa situação, como catadores, LGBTQIA+ e demais movimentos”.
“Fomos e somos resistência. O governo eleito precisa do nosso apoio e também precisamos reivindicar nosso espaço. O processo de construção de uma sociedade justa, igual e fraterna depende de nós. Estamos à disposição, devemos continuar a combater a invisibilidade e a marginalização da população em situação de rua”, reforçou o dirigente.
O diretor de Promoção dos Direitos da População em Situação de Rua do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Léo Pinho, frisou a invisibilidade pela qual passa essa parcela dos brasileiros.
“Este é um dia de mobilização e luta pelos direitos humanos da população em situação de rua e este ato é para dizer basta de descaso. É preciso dar voz aos atores que atuam diretamente no combate à invisibilidade que o Estado dá à pauta”.
Massacre da Sé
Léo Pinho lembrou o acontecimento que instituiu a data. A madrugada dos dias 19 e 22 de agosto de 2004 foi marcada pela série de ataques violentos às pessoas em situação de rua que dormiam na Praça da Sé, no centro de São Paulo.
Espancadas na cabeça com pedaços de madeira e barras de ferro, sete morreram e outras seis ficaram gravemente feridas. Apesar dos fortes indícios de participação de policiais militares, não houve a devida apuração e responsabilização dos autores destes crimes.
O caso ficou internacionalmente conhecido como “Massacre da Sé” e sua proporção e gravidade deram ensejo à mobilização que resultou na criação do Movimento Nacional da População em Situação de rua e na instituição do dia 19 de agosto como o “Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua”.
Projeto Meninos e Meninas de Rua
Outro tópico de destaque no debate foi a situação enfrentada pelo Projeto Meninos e Meninas de Rua de São Bernardo, que luta contra o despejo promovido pela administração do prefeito Orlando Morando (PSDB).
“O Conselho Nacional de Direitos Humanos já fez recomendação para o prefeito abrir negociação, mas infelizmente ele não respondeu. O Projeto Meninos e Meninas de Rua não só tem que ficar como tem que continuar sendo referência na luta de crianças, adolescentes e população em situação de rua”.
Resistência
O coordenador do Movimento Nacional de População em Situação de Rua em São Bernardo, Tiago Silva, reforçou a importância da atividade. “A data marca a luta e a resistência grande contra a perseguição sofrida pela população em situação de rua em São Bernardo e em diversos locais no Brasil”.
Doação de alimentos
O Sindicato fez a doação de alimentos a pessoas durante a atividade. Hoje está prevista a entrega de doações para as Cozinhas Solidárias do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e ao Movimento Nacional da População em Situação de Rua.