“É preciso conhecer os rumos e impactos que teremos nos próximos anos”
Debate sobre transição energética e descarbonização aconteceu ontem na Sede com a presença especialistas e a classe trabalhadora
“Esta é uma questão irreversível, uma realidade que nós precisamos discutir com a obrigação de deixar ao futuro um planeta melhor não só para nós, mas para as próximas gerações”, clamou o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, na abertura do seminário Transição Energética e Descarbonização para Mobilidade ontem na Sede.
Segundo o dirigente, é de fundamental importância que os trabalhadores sejam protagonistas nesse debate. “A classe trabalhadora tem que estar presente neste diálogo porque é necessário fazer uma transição justa”, destacou.
“O motor elétrico, por exemplo, tem 60% menos peças do que o motor à combustão. Isso envolve diretamente os empregos. É toda uma cadeia produtiva em torno disso e tem que caminhar junto a essa discussão”.
Com representatividade nacional, o seminário foi apoiado pelo Dieese, IndustriALL-Brasil, Agência de Desenvolvimento e contou ainda com as participações dos prefeitos de Mauá, Marcelo Oliveira; e de Diadema, José de Filippi Júnior; o presidente da CNM/CUT, Loricardo e Oliveira; e o deputado estadual Luiz Fernando.
Apropriação dos debates
O diretor executivo do Sindicato e presidente do Industriall-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, lembrou que para países com dimensões continentais como o Brasil, com grave problema social e de infraestrutura, não é uma tarefa fácil resolver a mobilidade. “Cada dia uma catástrofe diferente e qual é a nossa tarefa? Agora, se apropriar desse debate, é preciso conhecer os rumos e impactos que teremos nos próximos anos”.
“O Sindicato sedia este seminário com a classe trabalhadora, atores sociais e especialistas, cada um com o seu conhecimento para avançarmos na transição energética, na descarbonização. Temos eleições municipais esse ano e precisamos estar atentos às plataformas dos prefeitos, o que estão discutindo e apresentando à sociedade e pedir para que incluam este tema na pauta de governo deles”.
Governo Federal
O representante do Ministério das Cidades, Denis Eduardo Andia, destacou a preocupação do governo federal com tema.
“Fazer a transição energética e pensar a descarbonização de forma alguma pode estar desatrelado dos outros fatores. Nada neste governo é feito sem levar em conta a pilastra que sustenta todo o nosso país, os trabalhadores. Há um grande esforço do governo no que diz respeito à reindustrialização que traga a descarbonização, transição energética e novas tecnologias, mas mantendo empregos”.
“Precisamos formar capital intelectual para desenvolver essa indústria e hoje não importa se temos mais de 40 milhões de veículos circulantes, a solução imediata é biocombustível por causa da frota circulante. Essa frota tem que se descarbonizar rápido, então é etanol, biodiesel e isso leva ainda dez, 15 anos. Vamos começar a se preparar”, Camilo Adas, representante da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil)
“A transição energética e descarbonização são caminhos sem volta e a oportunidade única para o país se tornar potência verde global, recriando sua indústria com bases sustentáveis, justas, o que não significa ainda um mundo sem hidrocarbonetos”, Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
“O Brasil possui um mercado de fabricação de ônibus com produção anual de 30 mil unidades. Assim, há base para o desenvolvimento de uma indústria nacional de ônibus com células de combustível a hidrogênio”, José Sérgio Gabrielli, representante do INEEP (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis)
“Abrir esse diálogo da transição energética e descarbonização à classe trabalhadora é um dos nossos principais objetivos para fazer política industrial neste país, pensando na geração de emprego e renda. Para fazer isso o investimento é muito grande e precisamos discutir isso com a sociedade”, Uallace Moreira, representante do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços)
“Eu tenho a percepção de que o complexo automotivo brasileiro pode se reestruturar combinando rotas, passando por veículos híbridos, criando caminhos novos para os veículos pesados, que são os principais poluidores. Inclusive, eles podem também ser portadores de novas combustões”, Luciano Coutinho, representante da Fiesp (Federação das Indústria do Estado de São Paulo) e LCA Consultoria
A descarbonização garante muitas oportunidades à indústria brasileira com exploração da nossa matriz energética, novos negócios, geração de emprego e investimentos em mobilidade. O processo de transição traz ainda a convivência com motorização flex e híbrida em todos os estágios da eletrificação”, Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores)
“A difusão da mobilidade elétrica e baixa emissão nas suas dimensões de mercado e tecnológicas só serão amplamente alcançadas mediante articulação de múltiplos atores e coordenação de esforços, tendo respaldo por metas concretas, planos de implementação e uma visão de futuro que aponte onde quer se chegar”, Edgar Barassa, Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Barassa e Cruz Consulting
“Acaba sendo muito atribuído a nós o papel de debater a qualificação profissional. O seminário mostra a intenção do Sindicato em trazer diversos atores, incluindo academia, poder público e empresários, a fim de criar um diálogo para discutir quais as melhores alternativas para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social deste país”, Wellington Messias Damasceno, diretor administrativo do Sindicato
“Faz parte de uma discussão fundamental para os trabalhadores e trabalhadoras da nossa região como realizar a transição energética e descarbonização na mobilidade com sustentabilidade. Não há sustentabilidade sem justiça social, sem combate à desigualdade, sem garantia de emprego e renda para nossa população atrelada à conservação ambiental e viabilidade econômica”, Dácio Matheus, Reitor da Universidade Federal do ABC
“Fazer a transição energética e pensar a descarbonização de forma alguma pode estar desatrelado dos outros fatores que são importantes para a nossa sociedade. Nada neste governo é feito sem levar em conta essa pilastra que sustenta todo o nosso país que são os trabalhadores. Há um esforço muito grande do governo no que diz respeito a reindustrialização que traga a descarbonização, transição energética e novas tecnologias, mas mantendo os empregos”, Denis Eduardo Andia, representante do Ministério das Cidades