“É preciso ousadia e um compromisso maior do presidente do Banco Central”
Sindicato cobra Selic menor após Copom reduzir apenas meio ponto percentual na última reunião. Próximo índice será definido em março
Sindicato cobra Selic menor após Copom reduzir apenas meio ponto percentual na última reunião. Próximo índice será definido em março
Apesar da quinta queda consecutiva da taxa Selic definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na última quarta-feira, dia 31, os Metalúrgicos do ABC mantêm posicionamento de que o índice deve e tem condições de ser muito menor do que o apontado pelo Banco Central. Em decisão unânime da equipe que determina o patamar da Selic, ficou estabelecido 11,25%.
“As altas taxas de juros vão na contramão do desenvolvimento e atrapalham o crescimento econômico. A taxa Selic tem baixado e isso é positivo, mas é importante deixar claro que ainda continua muito alta. Isso impede significativamente uma retomada mais rápida do crescimento econômico e do desenvolvimento do país”, afirmou o secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira do Nascimento.
Segundo o dirigente, é preciso compromisso e responsabilidade social por parte do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para uma queda maior na taxa de juros.
“Com isso teremos as condições necessárias e atrativas para mais investimentos na produção, para gerar empregos, distribuir renda e diminuir a desigualdade social”. Hoje a Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação e influencia todas as demais taxas de juros brasileiras, como financiamentos, empréstimos e aplicações financeiras, por exemplo.
“A taxa de juros mais baixa significa mais facilidade para crédito e isso não apenas para investidores e empresariado, mas à classe trabalhadora que precisa financiar um carro, uma casa, um eletrodoméstico. Tudo isso movimenta a cadeia produtiva, traz crescimento econômico e aumenta o poder de compra dos trabalhadores, fazendo a roda da economia girar”, lembrou Claudionor.
Trajetória de queda
Para o diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Fausto Augusto Junior, o retorno da redução da taxa Selic é muito importante. “É meio ponto percentual, continuando uma trajetória de queda em um cenário que não faz muito sentido que ela não caísse. Afinal de contas, a inflação ficou dentro da meta em 2023”.
“Não há nenhum risco da inflação se ampliar ao longo do ano e é fundamental que a taxa de juros vá reduzindo até para que o impacto, inclusive nas contas públicas em relação à rolagem da dívida, seja equacionado na busca das metas da Fazenda à economia em 2024”.
Fausto destaca ainda que a redução da Selic para a economia real ajuda a liberar crédito e vai colocando o Brasil de volta aos trilhos. “Mas é sempre bom lembrar que ainda é uma taxa de juros bastante alta, em especial porque a gente tem uma inflação em torno dos 4% para baixo”, completou.
A próxima reunião do Copom acontece nos dias 19 e 20 de março e os membros do Comitê irão definir se aumentam, mantém estável ou reduzem novamente a Selic. A decisão acontece durante votação e, em caso de empate da equipe técnica, quem define o índice é o presidente do BC, baseado em diferentes elementos da economia, como inflação, cenário externo, dentre outros.