A política de arrocho salarial da ditadura militar

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Foto: Divulgação

A ditadura militar teve como principal alvo a classe trabalhadora ao interromper os avanços sociais e trabalhistas impulsionados pela efervescência política no campo e na cidade no governo de João Goulart (1961-1964). Depois de intervir nos sindicatos, perseguir militantes e dirigentes sindicais, a ditadura impôs um terrível arrocho salarial, a partir da mudança da fórmula de cálculo do reajuste que passou a ser medido de acordo com o índice de inflação.

Os saudosistas da ditadura costumam justificá-la pelo “milagre econômico” quando as taxas de crescimento do PIB alcançaram mais de 10% ao ano. No entanto, se esquecem de dizer que esse crescimento teve como motor o rebaixamento salarial que turbinou as taxas de lucro das empresas concentrando a riqueza e mantendo a desigualdade.

O suposto aumento da renda do trabalhador, na verdade, foi uma grande ilusão, ocasionada pela enorme carga de horas extras impostas sob pressão empresarial, que levou o Brasil a ser campeão mundial de acidentes de trabalho. Mesmo com o forte crescimento e criação de empregos no período militar, os salários foram achatados e a distância entre ricos e pobres cresceu. Entre 1964 e 1985, o salário mínimo perdeu mais de 50% do seu valor real.

 As greves de 1978, 1979 e 1980, lideradas pelos Metalúrgicos do ABC, depois das denúncias de manipulação dos índices de inflação, iniciaram um processo de retomada das negociações e combate ao arrocho salarial na categoria. Elas deram um impulso extraordinário na organização da base, além de projetar os metalúrgicos do ABC para o cenário nacional e internacional como um dos grandes protagonistas do processo de redemocratização do país.

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