Brasil abre as portas para linhas de montagem importadas

Sobrevida do veículo a combustão no país é oportunidade para atualização das fábricas locais

A corrida pela eletrificação da frota circulante em países desenvolvidos não transformou apenas veículos e a mobilidade urbana, mas também os meios de produção. Afinal, produzir automóveis elétricos tem suas particularidades, e a então configuração das fábricas, com equipamentos, processos e logística moldados para o carro a combustão, virou algo obsoleto.

Neste caso, linhas de montagem modernas, que foram concebidas para produzir em larga escala, com equipamentos de última geração, deixaram de cair na vala da inatividade para ganhar sobrevida nas filiais de montadoras instaladas em países onde os veículos a combustão ainda terão anos pela frente. As diferenças entre o processo de eletrificação veicular entre países ricos e aqueles em desenvolvimento viabilizou uma espécie de temporada de caça às linhas de montagem motores, transmissões e outros componentes que fazem parte da arquitetura do veículo a combustão.

Isso porque este acesso ao equipamento de fábricas no exterior proporciona um enorme e vantajoso corte de custos às fabricantes instaladas aqui. Seria possível investir menos, por exemplo, na construção de um ativo para produzir componentes para veículos híbridos, uma vez que os equipamentos já foram amortizados pelas matrizes no passado. A importação dessas linhas é uma atividade incentivada pelo Programa Mobilidade Verde (Mover), que será a próxima política industrial que dará as diretrizes para o setor automotivo nacional.

No capítulo quatro da medida provisória (MP) que será votada no Congresso, consta a possibilidade de habilitação de projetos de relocalização de unidades industriais, linhas de montagem ou células de produção, conforme procedimentos de importação de bens usados, para a produção de produtos automotivos. E não é apenas o Brasil que está de olho nessas linhas de produção. Outros países onde o veículo a combustão também ganhou sobrevida disputam esses equipamentos. Como Turquia, Índia e, principalmente, o México, que mantém um parque produtivo exclusivamente para atender um mercado norte-americano que, curiosamente, guinou para o motor híbrido.

Do Automotive Business