Sindicato comemora libertação do jornalista Julian Assange, preso por revelar crimes militares dos EUA

Em troca de sua liberdade, o ativista dono do site WikiLeaks concordou em se declarar culpado em um tribunal norte-americano

Os Metalúrgicos do ABC, defensores intransigentes da liberdade de imprensa e opositores das perseguições e injustiças, celebraram a libertação do jornalista australiano Julian Assange, solto na última segunda-feira, 24. Ele foi liberado da prisão de segurança máxima, onde estava detido há mais de cinco anos, em Londres, capital do Reino Unido, após concordar em se declarar culpado em um tribunal dos Estados Unidos por revelar segredos militares.

O fundador do site WikiLeaks despertou a ira dos EUA por divulgar um grande número de documentos que provavam crimes cometidos por militares do país em suas campanhas no Iraque e no Afeganistão, na chamada “guerra contra o terror”. Entre 2010 e 2011, alguns dos maiores jornais do mundo publicaram esse material. Dentre os 250 mil documentos expostos, havia prova de tortura utilizada no centro de detenção Guantánamo.

Foto: Adonis Guerra

O vice-presidente do Sindicato, Carlos Caramelo, destacou que Assange ousou peitar o poderio econômico e por isso foi injustamente perseguido. “Foi uma condenação injusta e desproporcional. Ele foi perseguido porque ousou enfrentar o capital, o grande poder econômico. É preciso valorizar a ousadia dele em denunciar crimes hediondos e barbáries, que não eram guerras constituídas, mas ações específicas ou estratégicas norte-americanas”.

O dirigente defendeu a liberdade de imprensa e exaltou aqueles que lutaram por democracia. “Não podemos abrir mão da liberdade de imprensa e da democracia. Uma das marcas principais do nosso Sindicato é ser solidário, se preocupar com o outro, com as injustiças e arbitrariedades. Quantas pessoas ousaram enfrentar os grandes poderes? Assim como Assange, nosso Sindicato ousou enfrentar a ditadura e muitos dos nossos companheiros perderam o emprego e até a vida! Basta de autoritarismo, viva a democracia!” lembrou.

Mundo mais justo

O presidente Lula celebrou a liberdade do jornalista em suas redes sociais: “O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso. Sua libertação e retorno para casa, ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa”.

Espionagem contra Dilma Rousseff

Em julho de 2015, o site Wikileaks publicou uma lista com nomes de 29 autoridades do governo brasileiro, incluindo a então presidenta Dilma Rousseff, que eram espionadas pela NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) desde 2011. A NSA monitorou 10 telefones diretamente ligados a Dilma, entre fixos de escritórios e celulares.

Histórico

Desde que divulgou o material, Julian Assange foi perseguido pelo governo dos EUA. Primeiro, uma acusação frágil de violência sexual – que depois foi retirada – o obrigou a se refugiar na embaixada do Equador em Londres. Ele ficou por lá em sala pequena e abafada por sete anos, período em que recebeu visitas de personalidades. Foi preso em 2019.  A partir daí, cresceram os temores de extradição para os Estados Unidos, onde poderia ser condenado a cumprir até 175 anos de prisão.

No fim de 2022, os jornais que haviam publicado o material confidencial do WikiLeaks – o britânico The Guardian, o estadunidense The New York Times, o espanhol El País, o francês Le Monde e o alemão Der Spiegel – pediram em carta que os Estados Unidos derrubassem as acusações contra Assange.