Não se justifica
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Na última quarta-feira, 19, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter a taxa de juros no Brasil em 10,5%. Com essa decisão, o Brasil se mantém na segunda posição no ranking dos países com as maiores taxas de juros do mundo. Os juros reais do Brasil, descontada a inflação, são de 6,79% ao ano, atrás apenas da Rússia (8,91%), país em guerra. México, Turquia e Indonésia completam os cinco primeiros com taxas reais de 6,52%, 4,65% e 4,13%, respectivamente.
Manter a Selic elevada desacelera a atividade econômica, pois encarece o crédito e desestimula investimentos, afetando a geração de emprego e renda. Dessa forma, as famílias consomem menos e os preços tendem a cair.
Na teoria, essa medida seria necessária em um cenário de elevada atividade econômica e disparada da inflação, o que definitivamente não é o caso do Brasil. As projeções de inflação para 2024 estão abaixo dos 4%, tornando essa medida desproporcional e, até, inconsequente.
Manter as taxas de juros nesse patamar é prejudicial para a economia brasileira, pois eleva a dívida pública, uma vez que parte dela é atrelada à Selic. Isso cria uma bola de neve: o governo precisa recorrer a mais empréstimos e pagar mais juros, o que reduz os recursos disponíveis para infraestrutura, políticas sociais e desenvolvimento.
Em um cenário de inflação controlada, a manutenção de uma taxa de juros tão alta parece injustificada e pode comprometer o crescimento econômico do país, prejudicando o desenvolvimento sustentável e a geração de empregos. Os únicos beneficiados por essa política são os rentistas, que ganham com os altos rendimentos dos seus investimentos, enquanto a economia real sofre com o encarecimento do crédito e a redução do consumo.
Subseção do Dieese