A convite da direção, Ministro do TST debate com trabalhadores no Sindicato, visita Volks e conhece projeto social Solano Trindade

Ação faz parte de uma série de iniciativas dos Metalúrgicos do ABC para estreitar relações com órgãos de proteção ao trabalhador, apresentar modelo de atuação e trocar informações sobre as novas formas de representação

Foto: Adonis Guerra

O presidente do (TST) Tribunal Superior do Trabalho, ministro Lelio Bentes Corrêa, esteve esta semana no Sindicato, a convite da Direção Executiva para uma troca de experiências com a categoria na segunda-feira, 15, na Volkswagen e no Centro Cultural Afro-Brasileiro Francisco Solano Trindade, em São Bernardo, e ontem na Sede. Os Metalúrgicos do ABC têm feito uma série de iniciativas para estreitar relações também com o MPT (Ministério Público do Trabalho), a Conalis (Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical) e atores que compõem a rede de proteção ao trabalhador para apresentar tudo que é produzido na base.

Foto: Adonis Guerra

Na manhã de segunda-feira, 15, o ministro conheceu a organização no local de trabalho dos trabalhadores na Volkswagen junto ao Sindicato. “A primeira impressão que eu levo é constatar esse bom relacionamento entre os Metalúrgicos do ABC e a montadora. Sem abrir mão da combatividade, a entidade opta pelo diálogo maduro, construtivo”, disse Lelio. “Também constato a estrutura desse Sindicato, que contempla a inclusão, tem diretorias dedicadas às mulheres, às pessoas LGBTQIAPN+, às pessoas com deficiência, o que torna esse modelo de sindicalismo bem-sucedido e atualizado com os anseios da sociedade”.

Sobre o modelo único de representação nas fábricas, o CSE (Comitê Sindical de Empresa), o ministro afirmou que esse tipo de atuação permite uma resposta muito mais rápida aos trabalhadores e trabalhadoras e o equacionamento desses problemas por meio do diálogo social. “Ou seja, há uma aproximação, um entendimento mais direto para a solução dos problemas que as relações de trabalho naturalmente envolvem”.

Solano Trindade

Foto: Adonis Guerra

À tarde, o ministro esteve no Centro Cultural Afro Brasileiro Francisco Solano Trindade. O projeto criado em 1998, a partir de um processo de articulação e mobilização entre o Sindicato, o IG Metall da Alemanha e representantes do Movimento Negro, é mantido pela campanha “Uma hora para o Futuro”, pelos trabalhadores na Volks. O Solano atende hoje crianças e adolescentes carentes com uma proposta pedagógica fundamentada na cultura afro-brasileira.

“Fiquei muito impressionado com o projeto pela sensibilidade dos trabalhadores e trabalhadoras que contribuem para a transformação de vidas de crianças que vivem em uma comunidade precária. Ali essas crianças recebem acolhimento, atenção e condições de efetivamente projetar um futuro de vida diferente daquele que seus pais tiveram”.

“E, agora, integrados ao programa jovem aprendiz oferecido pelo Senai na Volks, um projeto que demonstra a sensibilidade dessa categoria para tratar não apenas dos seus próprios interesses, mas alcançar aqueles que mais necessitam”.

O presidente do Solano e CSE na Volks, Charles Aurélio Jesus de Lima, o Tuiuiú, ressaltou que a visita foi importante para o movimento sindical e social apresentar a realidade das crianças e jovens atendidos. “Mostramos ainda que todos esses agentes [Sindicato, Solano, montadora e Senai] unem forças em uma ação inédita para impulsionar oportunidades para jovens e adolescentes das comunidades periféricas na Vila Moraes, Bairro Cooperativa e Jardim Ipê, em São Bernardo”.

Aproximação

Foto: Adonis Guerra

O diretor-executivo do Sindicato, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, afirmou que a visita do presidente do TST é mais um movimento que a Direção tem feito de conversar com ministros e procuradores. “Trouxemos o Lelio para falar um pouco sobre as nossas práticas, conhecer uma das empresas na base e mostrar nosso modelo de atuação, relações de trabalho, negociação com as fábricas e resolução de questões importantes para a categoria”. Segundo o dirigente, essa é uma das várias incursões do Sindicato para que todos possam conferir como é possível resolver conflitos e avançar em direitos através do diálogo.

Roda de conversa

Foto: Adonis Guerra

Na manhã de ontem, trabalhadores da base, sindicalistas de diversas categorias e regiões, representantes de sindicatos patronais e de RH de empresas estiveram na Sede para prestigiar a conversa com o presidente do TST juntamente com a procuradora do trabalho, doutora Sofia Vilela, e a presidenta do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região de São Paulo, a desembargadora Beatriz de Lima Pereira.

Na ocasião, o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, questionou sobre o atual modelo sindical. “Qual o retrato que o movimento sindical tem hoje e qual o mundo do trabalho em que vivemos? Precisamos fazer uma reflexão sobre o futuro da classe trabalhadora no nosso país, muitas coisas mudaram e de uma maneira muito rápida. O ABC é conhecido pelo Novo Sindicalismo, mas costumo dizer que o Novo Sindicalismo envelheceu. Precisamos discutir a realidade do mundo do trabalho e, por consequência, do movimento sindical”.

Foto: Adonis Guerra

O ministro foi na mesma linha ao ressaltar que o modelo sindical brasileiro precisa ser repensado. “O trabalhador e a trabalhadora de hoje não são os mesmos de 30 anos atrás. As prioridades são outras. A forma de comunicação é diferente. O modelo sindical brasileiro precisa ser repensado”.

Foto: Adonis Guerra

A presidenta do TRT frisou a alegria de ver o sindicalismo vivo após tantos ataques sofridos durante os governos anteriores. “Minha alegria de estar aqui é poder ver o sindicalismo vivo após todos os golpes no nosso passado recente. Este Sindicato tem representatividade e é isso que os outros sindicatos precisam entender. Essa reconstrução dos sindicatos que vão se reerguer, mas só aqueles que têm representatividade”.

Foto: Adonis Guerra

A procuradora do trabalho, destacou o aumento de incidência de doenças psicossociais. “Essa busca incessante por produtividade e metas, faz com que as pessoas estejam cada vez mais doentes, o risco psicossocial também deve ser considerado nas relações de trabalho. Precisa ser prevenido, combatido e inserido com documentos de saúde e segurança. Algo que nos preocupa muito são as novas formas de trabalho que vão impactar de forma significativa no movimento sindical”.