Por que venda de carros usados está bombando e isso é preocupante

O mercado de carros usados no Brasil está a caminho de bater um recorde histórico em 2024, com uma expectativa de 15,3 milhões de unidades comercializadas até o fim do ano. No primeiro semestre já foram vendidas 7.343.752 unidades, representando um aumento de 7,2% em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com dados da Fenauto, entidade que representa lojas de veículos seminovos.

No entanto, essa movimentação positiva esconde problemas significativos que merecem atenção. Enquanto o mercado de carros usados cresce, a idade média da frota brasileira também aumenta. Dos 7,3 milhões de carros vendidos até agora em 2024, 2,4 milhões têm mais de 13 anos e 1,7 milhões têm pelo menos nove anos de uso. Esses veículos mais antigos são menos seguros e mais poluentes, o que vai na contramão dos esforços globais para promover a mobilidade sustentável.

Para se ter uma ideia, os carros mais vendidos são Volkswagen Gol, Fiat Uno e Fiat Palio – todos fora de produção há bastante tempo. Nos últimos anos, quando o assunto é legislação para o setor automotivo, boa parte das leis é para incentivar a produção de veículos mais sustentáveis. Para isso, os carros novos recebem tecnologias mais recentes, que acabam encarecendo o custo do zero-quilômetro.

Na contramão de todos esses esforços, que vêm tornando os carros mais caros com o passar do tempo, cresce a busca por automóveis poluentes e menos seguros e, é claro, mais baratos. Para se ter uma ideia, boa parte dos modelos anteriores a 2014 não possuem airbag, freio ABS e controle de tração e estabilidade, componentes hoje vistos como indispensáveis para a segurança. Esse é um sintoma da falta de recursos dos brasileiros para comprar carros mais novos e também da ausência de programas de renovação de frota.

Do UOL