Sete anos após reforma trabalhista, cerca de 70% dos informais querem carteira assinada

Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, 75,6% dos trabalhadores sem registro que ganham até um salário mínimo preferem ter um emprego formal

Foto: Adonis Guerra/SMABC

Sete anos após aprovação da reforma trabalhista pelo governo golpista do ex-presidente Michel Temer, os Metalúrgicos do ABC voltam a criticar duramente as mudanças implementadas na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que, em vez de criar oportunidades, aprofundou a precariedade do trabalho no país. Pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre) revela que 67,7% dos trabalhadores autônomos, incentivados pela medida a aderirem à informalidade, agora desejam um emprego com carteira assinada.

“A reforma não cumpriu os seus objetivos, não gerou os empregos prometidos, muito pelo contrário, aumentou a informalidade, a desproteção social do trabalho, a insegurança alimentar e a flexibilidade, que só prejudicou os trabalhadores e não trouxe segurança jurídica às empresas”, afirmou o secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira. “Hoje a precarização é a marca registrada do mercado de trabalho brasileiro. Ter direitos e proteção é o que o povo precisa e uma das bandeiras pela qual o Sindicato sempre lutou”.

O resultado da pesquisa desmonta ainda mais o argumento do governo golpista, autor da ‘reforma’, que à época estimava que a reforma trabalhista criaria mais de 3,5 milhões de empregos. “O Sindicato sempre denunciou que a reforma trabalhista que não geraria nada. Precisamos criar empregos de qualidade com carteira assinada, com direitos sociais para que as pessoas possam ter trabalho e renda dignos”.

Foto: Adonis Guerra/SMABC

Precarização

O estudo apontou ainda que entre os trabalhadores informais que ganham até um salário mínimo (R$ 1.412), 75,6% preferem ter um emprego formal. Para aqueles que recebem entre um e três salários mínimos, esse índice chega a 70,8%, enquanto diminui para 54,6% entre os informais com rendimentos superiores a três salários mínimos.

Sob a desculpa de que seria melhor você arrumar trabalho flexível do que não ter emprego, a herança do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff beneficiou fortemente as empresas, pois a consequência da terceirização que aconteceu a seguir foi o enfraquecimento dos sindicatos, menor acesso à justiça e a possibilidade de negociação direta entre patrões e trabalhadores.

As mudanças trouxeram insegurança financeira para os trabalhadores informais. Apenas 45% conseguem prever sua renda para os próximos seis meses, enquanto essa capacidade de previsão sobe para 67,5% entre os empregados com carteira assinada.

Em números

Dados recentes apontam que a geração de emprego superou as expectativas em junho de 2024. No primeiro semestre do ano, o país registrou saldo de 1.300.044 empregos. Esse número foi 26,2% maior do que o acumulado de janeiro a junho de 2023 (1.030.329 postos).

“Os empregos que estão sendo criados são fruto de uma mudança de rumo na política econômica promovida pelo governo Lula, com anúncios de novos investimentos, como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a Nova Indústria Brasil, entre outras medidas voltadas à criação de empregos e que têm gerado otimismo no mercado, diminuindo assim a taxa de desemprego”.