Carro elétrico: evolução rápida e concorrência chinesa aceleram desvalorização e dificultam revenda

O mercado global de carros elétricos passa por uma reviravolta, com uma desaceleração nas vendas nos Estados Unidos e Europa, o que está resultando em queda nos preços de revenda e acúmulo de estoques em lojas e fábricas. No Brasil, embora as vendas ainda estejam crescendo, a depreciação desses veículos 100% elétricos também gera preocupações. Modelos com dois ou três anos de uso e baixa quilometragem têm sido vendidos com desvalorização de até 45%, alguns sendo revendidos por menos da metade do preço de um carro novo.

A rápida evolução tecnológica dos carros elétricos, a infraestrutura de recarga ainda limitada e a guerra de preços iniciada pelas montadoras chinesas, que forçou a redução dos preços de outros fabricantes, são os principais motivos para a desvalorização dos seminovos. Enquanto isso, os modelos híbridos apresentam um comportamento mais estável em relação à depreciação.

A maior plataforma online de venda de veículos do Brasil, Webmotors, registra uma desvalorização média de 12% nos preços de carros elétricos e 6% para híbridos neste ano. Enquanto isso, veículos convencionais perdem em média 2,25% do valor. Mesmo com a crescente demanda por carros eletrificados, a infraestrutura deficiente e o receio quanto à durabilidade das baterias ainda afetam a aceitação desses modelos no mercado de usados.

Além disso, concessionárias como a Amazon, autorizada da Volkswagen, suspenderam a compra de carros elétricos devido ao longo tempo que permanecem nos pátios. Até locadoras de veículos, que tradicionalmente são grandes compradoras, reduziram suas aquisições. Enquanto isso, as montadoras chinesas BYD e GWM, que têm ganhado espaço com modelos mais acessíveis e tecnológicos e adotaram estratégias para mitigar a desvalorização de seus carros.

Do Estadão