Carros chineses lotam portos brasileiros e prejudicam importação de peças

São mais de 70 mil unidades estocadas, o que representa a entrada de 150 mil unidades vindas do país asiático este ano, alta de 625%

“O aumento do volume de veículos chineses nos portos brasileiros causa dificuldades logísticas, afetando diversos setores da economia. As montadoras estão tendo de realizar importação de autopeças por transporte aéreo, encarecendo os custos de produção”. O comentário foi feito pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, ao divulgar o balanço do setor automotivo nesta segunda-feira, 7, ocasião em que adiantou que “a absorção desses veículos (os chineses) no mercado interno trará impactos à competitividade e o nível de emprego”.

A Anfavea estima entre 70 mil a 80 mil o estoque de carros chineses no Brasil, a maioria nos portos brasileiros. As importações do país asiático cresceram 290% no acumulado deste ano, totalizando 81,6 mil unidades, ante as 20,9 mil de janeiro a setembro de 2023. “Acrescentando ao número de emplacamentos o volume importado da China ainda em estoque, a quantidade de veículos que chegou ao Brasil vindo de lá este ano sobe para 150 mil unidades, ou seja, um crescimento de 625%”, explicou o presidente da Anfavea.

Por conta principalmente dos eletrificados chineses, o volume total de venda de modelos importados é o maior desde 2014, assim como a participação de 17,3% no ano. A Anfavea já protocolou na Camex pedido para retorno imediato da alíquota de importação de 35% para os eletrificados. As vendas de importados atingiram 322,1 mil unidades este ano, ante as 237 mil do mesmo período de 2023, alta de 36%.

Enquanto a participação dos automóveis chineses nas importações brasileiras subiu de 9% para 25% este ano, a dos carros argentinos baixou de 65% para 47%, com a compra de 152,2 mil unidades no país vizinho, 1% a menos do que no mesmo período do ano passado. Em porcentuais menos do que o relativo à China, também estão em alta as compras no México, Alemanha, Uruguai e Tailândia. Nesse último caso, a alta é de 172%, para 5.141 carros.

Do AutoIndústria