Feriado nacional, Dia da Consciência Negra é data de debater desafios para valorizar população negra do Brasil
Neste ano, o tema da redação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) chamou a atenção para esta questão, com o objetivo de trazer à tona a conscientização sobre os “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Amanhã, 20 de novembro, feriado nacional, conforme a lei 14.759/23 sancionada em dezembro de 2023 pelo presidente Lula, é dia de cobrar políticas públicas, dialogar sobre o assunto e celebrar algumas conquistas.
O coordenador da Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo dos Metalúrgicos do ABC, Clayton Willian, o Ronaldinho, destacou a relevância do feriado nacional, bem como o tema da redação. “O feriado é um avanço de uma luta histórica dos Metalúrgicos do ABC e de todo o movimento negro. Já quando olhamos para o tema da redação, ficamos muito felizes porque dialoga com a juventude e toda sociedade brasileira”.
Sobre os fatores que contribuem para a desvalorização, ressaltou as desigualdades sociais, o racismo estrutural, a intolerância religiosa e o desconhecimento da história dos povos africanos. Ronaldinho completou lembrando que ainda é muito preocupante o avanço na austeridade e na matança da juventude preta por parte da polícia.
O coordenador apontou a lei 10.639/2003, que trata sobre o ensino da história dos povos africanos, como um importante meio de valorização, apesar de ela ainda não ser aplicada de forma constante em todas as instituições de ensino do território nacional.
Racismo e a classe trabalhadora
A coordenadora das Comissões, Andrea de Sousa, a Nega, destacou que o mês é uma importante oportunidade de reflexão. “Novembro nos traz a chance de olhar mais de perto para a discriminação e o racismo que a classe trabalhadora passa durante a vida, muitas vezes sem o reconhecimento de que foi, de fato, uma situação de discriminação ou racismo”.
A dirigente comentou ainda sobre a luta contra a jornada 6×1 à população negra. “Outra questão que afeta muito a classe trabalhadora e nós, que estamos na base da pirâmide. Com certeza, essa luta também é nossa”. Trabalhadores negros são a maioria na escala 6×1 e, neste grupo, são os que têm os menores salários, aponta análise do Núcleo de Estudos Raciais do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa).
Mercado de trabalho
Confira dados do Boletim Mensal do Emprego Trabalhadores e Trabalhadoras Negras, de setembro, divulgado pela subseção do Dieese do Sindicato. O documento revela aquecimento do mercado de trabalho, considerando os saldos positivos de emprego em todos os meses analisados, que resultaram na criação de 2 milhões de postos de trabalho entre janeiro e setembro de 2024.
De acordo com o levantamento, os trabalhadores negros apresentaram maioria no saldo de movimentação do emprego formal, mas a remuneração média entre os admitidos foi menor no grupo. No Estado de São Paulo, o saldo foi de 27,2 mil trabalhadores negros e a remuneração média de R$ 2.637,24.